Compra de 30 milhões de toneladas visa proteger chineses de eventuais interrupções no abastecimento e, também, cumprir o acordo comercial entre os dois países. Milho: chineses buscam 20 milhões de toneladas do cereal no mercado Aprosoja-MS/Divulgação A China está se preparando para comprar mais de 30 milhões de toneladas de produtos agrícolas para os estoques estatais, visando se proteger de eventuais interrupções na cadeia de suprimentos causadas pela pandemia de coronavírus e cumprir as promessas de adquirir mais safras dos EUA, de acordo com a Reuters. Os chineses planejam adquirir cerca de 10 milhões de toneladas de soja, 20 milhões de toneladas de milho e 1 milhão de toneladas de algodão às suas reservas estatais, disseram duas das fontes, que foram informadas sobre o plano do governo. A maior parte seria obtida via importações, e principalmente dos Estados Unidos, já que a China trabalha para cumprir seu compromisso sob o acordo comercial fase 1 assinado em janeiro, disseram as fontes, recusando-se a ser nomeadas devido à sensibilidade do assunto. "A principal mensagem (de Pequim) é garantir a subsistência das pessoas. É um bom momento para acumular reservas, especialmente quando os preços das mercadorias estão em níveis bastante baixos", disse uma das fontes. Pequim também planeja adicionar 1 milhão de toneladas de açúcar e 2 milhões de toneladas de óleo de soja às reservas, disseram as fontes. Não ficou claro de onde isso viria. A estatal de grãos da China, Sinograin, não respondeu imediatamente a um e-mail em busca de comentários. E o Brasil? Até o momento, o Brasil, maior vendedor de soja do mundo, tem conseguido negociar bons volumes para a China. Segundo dados da balança comercial do governo federal, as exportações até o último dia 17 de abril foram de cerca de 9 milhões de toneladas. A expectativa dos exportadores é de que o Brasil possa bater um recorde histórico mensal de embarques em abril, com exportações de 14,5 milhões de toneladas, diante de firme demanda chinesa. Em março, os produtores brasileiros venderam ao exterior 37,6% mais soja do que no mesmo período de 2019. 'Bom momento' O momento das compras pode ser favorável para Pequim, já que o preço dos futuros de soja e milho chineses valem aproximadamente o dobro dos futuros dos Estados Unidos, onde grandes estoques e uma demanda fraca com a pandemia de coronavírus pressionaram os valores das culturas. Uma das fontes disse que não estava claro quando a compra ocorreria. O momento dependeria de como o mercado evolui. "Esta é uma vitória tripla. Os estoques podem ser liberados para conter aumentos de preços quando necessário. Ajuda (Pequim) a cumprir o acordo comercial sino-americano. E os preços estão bons", disse uma das fontes. Descontando os custos de transporte, o valor total dos suprimentos de milho e soja dos EUA seria de cerca de US$6,25 bilhões, mostram dados da Refinitiv. As importações agrícolas dos Estados Unidos pela China totalizaram US$ 5,05 bilhões no primeiro trimestre de 2020. A pandemia de coronavírus, que começou na cidade de Wuhan, na China, no final do ano passado, infectou 2,5 milhões de pessoas e matou cerca de 180 mil em todo o mundo. Os bloqueios para conter o surto abalaram a economia mundial e impactaram as cadeias de suprimentos globais, incluindo a agricultura. Initial plugin text