Os empresários estão "perplexos" com o tensionamento provocado nos últimos dias pelo presidente Jair Bolsonaro e "preocupados" com a pauta do Congresso, que prevê, por exemplo, a criação de um empréstimo compulsório a ser cobrado de empresas com patrimônio superior a R$ 1 bilhão.
Na avaliação de lideranças empresariais, o presidente da República precisa mudar rapidamente o atual tom de embate com o Congresso Nacional e tentar criar um clima favorável à aprovação de medidas quem garantam a retomada do crescimento da economia.
No momento, segundo empresários, Bolsonato tem atuado no sentido contrário e gerado, inclusive, um clima de risco de crise institucional.
Interlocutores do mundo empresarial avaliam como positiva, pelo menos, a atuação de ministros militares alertando Bolsonaro sobre a necessidade de evitar seguir testando os limites no embate com os outros Poderes.
Em relação ao Congresso Nacional, empresários estão preocupados com a discussão, defendida por deputados, de propostas para taxar empresas neste momento de crise do coronavírus que afeta a saúde financeira delas. Uma das ideias é criar um empréstimo compulsório.
Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o projeto, que pode ser votado nesta quarta-feira (22) pela Câmara dos Deputados, é um equívoco porque gera ainda mais dificuldades para empresas que já estão sofrendo com a crise.
O projeto prevê a destinação de até 10% do lucro das empresas com patrimônio superior a R$ 1 bilhão a empréstimos compulsórios, dinheiro que seria destinado para o financiamento pelo Tesouro Nacional de ações de combate à Covid-19 e seria devolvido ao longo dos próximos anos.
O presidente da CNI, Robson Braga, alerta que o momento requer medidas como "flexibilização monetária, redução de juros, abertura de linhas de crédito e adiamento de pagamento de impostos", e não taxar ainda mais o setor empresarial.
Além do empréstimo compulsório, que seria restituído num prazo de quatro anos após o fim do período de calamidade pública, deputados estão avaliando ainda a tributação da distribuição de lucros e dividendos e também de grandes fortunas.
Os parlamentares que defendem as propostas alegam que os grupos mais ricos precisam dar sua contribuição para minimizar os efeitos negativos do combate ao coronavírus sobre o país.