Ele diz que 'business do rodeio' levou sertanejos a gravar com muita gente junta e que live desta sexta será 'uma monografia para provar que dá para fazer com qualidade sem sair de casa'. Fresno em imagem de divulgação do disco mais recente, 'Sua alegria foi cancelada' Divulgação Comandar a live da Fresno nesta sexta-feira (17) será como uma "monografia" para o líder da banda, Lucas Silveira. "[Quero] provar para mim que posso fazer uma transmissão de qualidade sem sair de casa", ele diz. A ideia é ter participação dos outros membros (o guitarrista Vavo, o tecladista Mario Camelo e o baterista Thiago Guerra), mas cada um de sua casa. "Estamos todos quarentenadíssimos", garante Lucas. "A gente está sempre fazendo lives. Na nossa geração, fazer live é normal, as pessoas entendem como um ambiente de abrir uma janela na minha casa, uma coisa íntima", diz músico de 36 anos. Emicida, Tato, do Falamansa e Marília Mendonça também fazem live nesta sexta; veja LISTA Se ver Lucas em uma transmissão ao vivo não é novidade, o cenário mudou. Ele analisa o novo significado que as lives ganharam para o mercado musical brasileiro com a quarentena. "Para o pessoal do mainstream, o sertanejo, popularzão, que faz show todo dia, 28 por mês, o baque é muito maior, inclusive financeiro. Claro que se ele tem conforto financeiro, não é nem esse problema. Mas o business do show, do rodeio, do festão, fez os caras transformarem o rolê das lives em um bagulho muito profissional", Lucas opina. "Ao mesmo tempo, isso rendeu críticas, principalmente na minha bolha, porque é muita gente junta", ele completa. "Querendo ou não rola uma semiaglomeração quando você pega uma live que era para ser um bagulho íntimo e transforma em um DVD ao vivo", diz Lucas. Fresno no festival Planeta Atlântida 2020 André Feltes/ Agência Preview Ele se esforça para ir na direção oposta na live desta sexta. Não é o caso de uma "produção menor". Lucas também é produtor musical, e assinou trabalhos de Manu Gavassi e Capital Inicial. Ele quer usar sua habilidade em boas soluções para o vídeo à distância. "Procurei fazer uma live da Fresno direto do meu estúdio, onde eu não vou mobilizar ninguém para vir aqui em casa. E hoje em dia temos tantas ferramentas online que permitem que a gente interaja e faça todo tipo de coisa massa sem sair", ele afirma. "Essa live vai ser como uma monografia, até para eu provar para mim que posso fazer uma transmissão de qualidade sem sair de casa", diz Lucas. Lucas procurou empresas de tecnologia, mas admite que não achou um jeito de tocar à distância exatamente como se estivesse ao lado dos colegas. O G1 mostrou isso na live de Simone & Simaria, em que o delay (atraso) da transmissão travou o canto em dupla. "A tecnologia não permite que se faça uma 'jam', no sentido de tocar no Zoom ou uma ligação de grupo. Isso ainda é impossível, mas tem várias coisas que dá pra fazer, né?", diz Lucas. Para saber o resultado da "monografia", só vendo a live. Tudo da Fresno em 4 horas Banda Fresno Divulgação Lucas reflete sobre a relação dos fãs além da tecnologia. "Cabe ao povo da cultura reafirmar seu espaço, sua função social, que é trazer, além de alegria, esperança. Esse é um momento especial. A gente vai fazer do jeito que der", ele diz sobre a live. "Tenho certeza vai ser uma celebração com milhares de pessoas de suas casas. Minha ideia é tocar três, quatro horas, de maneira que eu possa cobrir todo o repertório da banda", adianta. "A gente já tem mais de cem músicas na rua, não tem como tocar tudo num show [físico]." "Então a ideia é tocar as 'antigonas'. O saudosismo traz coisas boas nesse momento. A galera vai se lembrar da adolescência, dos áureos tempos, isso vai ser incrível. Estamos ansiosos." As cenas de 'lives' da quarentena que já estão na história do entretenimento brasileiro