Mansueto fala sobre condução econômica em meio à pandemia do coronavírus
O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou em entrevista na manhã desta quinta-feira (16) à GloboNews que o tombo na economia brasileira será determinado pelo período que o distanciamento social perdurar, e que para isso é preciso ouvir especialistas na área de saúde, não economistas.
A decisão de muitos gestores de manter empresas e negócios fechados para ampliar o distanciamento social, que tem o apoio do Ministério da Saúde e de organismos internacionais, como a OMS (Organização Mundial de Saúde), tem recebido muitas críticas daqueles que acham que a política pode levar a uma profunda recessão no país. O falso dilema entre salvar vidas ou a economia não está na mesa, segundo o secretário.
“Eu tenho visto projeções na economia que me deixam assustado. Tem algumas pessoas que projetam o cenário em que a restrição de contato social terá que ser mais longo. Eu confesso que neste assunto temos que escutar a área da saúde, as pessoas da área de saúde são as melhores pessoas, muito mais que economistas, para dizer como isso vai evoluir”, diz ele.
Mansueto, responsável hoje pela chave do cofre do Tesouro, afirma que neste ano a prioridade para o Brasil não é o ajuste fiscal, mas dar recursos para o combate à pandemia do coronavirus. Mas, quando a pandemia passar, será a hora de arrumar a casa para se preparar para futuras crises.
“Esta é a lição para todos os países do mundo. Depois da crise, quando voltarmos a crescer, vamos economizar, fazer ajuste fiscal, para ter fôlego para ficar preparado para a próxima crise. Porque sempre haverá crises, e muitas vezes elas são imprevisíveis, como esta, em que o mundo todo está sendo colocado em "corner" por um vírus invisível. Ninguém imaginava que a gente ia passar por isso hoje, parece um filme de ficção científica”, afirmou.
Mansueto elogiou o papel do Congresso em ajudar a limitar os gastos extras para combater a pandemia a este ano, sem criar despesas permanentes. Ele também afirmou que, apesar do crescimento da dívida pública com os gastos que estão sendo feitos para combater os efeitos da pandemia, não está preocupado com a capacidade do país de se financiar.