À medida que a doença se espalha pelo país, empresários afirmam que será inevitável que alguém da atividade seja contaminado pela Covid-19. Carregamento de grãos para exportação em porto no rio Paraná, perto de Rosário, Argentina REUTERS/Marcos Brindicci A Argentina está se preparando para o primeiro caso de coronavírus entre os milhares de trabalhadores agroportuários do país, um dos principais fornecedores de alimentos do mundo, que faria com que todo o modo de trabalho de uma indústria-chave para a economia local fosse alterado. O país sul-americano é o maior exportador global de óleo e farelo de soja, além de terceiro maior de grãos de soja e milho. Até este momento, segundo dados do governo argentino, há 2.443 casos confirmados de Covid-19 entre a população, com 105 mortes. À medida que a doença se espalha pelo país e as empresas exportadoras ampliam as medidas preventivas, representantes do setor agroexportador afirmam que será inevitável que alguém da atividade seja contaminado pelo vírus. "Este é o momento crítico. Estamos trabalhando com diferentes protocolos de prevenção, supervisionados por especialistas em doenças infecciosas, que nos dão recomendações", disse Gustavo Idígoras, presidente da câmara CIARA-CEC, que reúne companhias exportadoras e processadoras de grãos. "Até o momento não tivemos casos confirmados. Mas estamos nos preparando", acrescentou Idígoras. Inicialmente, a pandemia restringiu o fluxo de grãos ao complexo agrícola da região de Rosário – onde são embarcadas 80% das exportações de alimentos da Argentina – devido aos limites à circulação de caminhões, impostos por alguns distritos em meio a uma quarentena contra o coronavírus. No entanto, essas dificuldades foram resolvidas graças à intervenção dos governos nacionais e provinciais, e agora líderes do poderoso complexo agroalimentar argentino dizem estar preparados para o "choque" que virá com o primeiro caso de Covid-19 no setor. "A cadeia de exportação está preparada", disse Luis Zubizarreta, presidente da Câmara de Portos Privados Comerciais da Argentina (CPPC). Os navios de carga que chegam aos portos argentinos estão sendo vistoriados por inspetores sanitários da Prefeitura Naval, disse Zubizarreta, acrescentando que é obrigatório que os funcionários de toda a cadeia utilizem equipamentos de proteção. Além disso, os trabalhadores estão tendo a temperatura monitorada constantemente nos terminais portuários, onde as empresas também têm suas plantas de processamento de grãos. Qualquer pessoa com mais de 37,5ºC é impedida de acessar as instalações da companhia. Os estivadores e trabalhadores técnicos dos portos devem permanecer o tempo todo a uma distância de 1,5 metro de seus colegas, enquanto equipes médicas foram fixadas em todos os pontos de transporte de grãos.