Cantora apresenta 'Nua', composição autoral em parceria com o letrista português Tiago Torres da Silva. Simone toca violão em live feita na noite de domingo, 12 de abril Reprodução de vídeo / Instagram Simone Resenha de live Título: Simone ao vivo Artista: Simone Data: 12 de abril, às 18h Cotação afetiva: * * * * * ♪ “Graças a Deus, eu estava em casa”, gracejou Simone na live feita pela cantora na noite de domingo de Páscoa, 12 de abril. A Cigarra não se referiu a algum acontecimento relacionado à pandemia do coronavírus, mas ao fato de ter estado em casa há 43 anos quando o poeta Abel Silva bateu na porta da cantora com a canção Jura secreta, parceria de Abel com Sueli Costa. Apresentada por Simone no álbum Face a face (1977), em gravação emblemática, Jura secreta integrou o roteiro informal da live em que a cantora alternou números de voz e violão – instrumento que não tocava em público há cerca de 20 anos – com músicas cantadas com bases previamente enviadas por músicos como os pianistas Leandro Braga e Marco Brito. O toque do piano de Leandro Braga, por exemplo, guiou Simone na bela interpretação de Canteiros (Raimundo Fagner sobre poema de Cecília Meirelles, 1972), número em que a transmissão ao vivo foi abruptamente interrompida. Ao ser retomada minutos depois, a live de Simone recomeçou com Canteiros. Nessa segunda parte, Simone voltou a pegar o violão, instrumento com o qual iniciara a transmissão com o canto do samba Disritmia (Martinho da Vila, 1974). Simone canta o samba 'É', de Gonzaguinha, na primeira live da artista Reprodução de vídeo / Instagram Simone “É de orelha”, advertiu Simone antes de começar a levar no violão a canção Dia branco (Geraldo Azevedo e Renato Rocha, 1978). Outras canções – como Ai que saudade d'ocê (Vital Farias, 1983) e Proposta (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1973) – entraram em pauta, com informalidade e em tons serenos que evidenciaram a singularidade do timbre grave de Simone, cantora de 70 anos completados em 25 de dezembro de 2019. Migalhas, música de Erasmo Carlos lançada por Simone no álbum Na veia (2009), foi uma das boas surpresas de apresentação que também teve abordagens do samba É (Gonzaguinha, 1988) e do samba-enredo O amanhã (João Sérgio), pérola do Carnaval de 1978 que Simone reviveu no álbum Delírios, delícias (1983). No início da live, Simone apresentou Nua, música ainda inédita que compôs no fim de 2019 em parceria com o poeta e letrista português Tiago Torres da Silva antes de enfileirar composições gravadas no último álbum de estúdio da cantora, É melhor ser (2013). Com eventuais tropeços nas letras, comuns e desculpáveis dentro das atuais circunstâncias, Simone seguiu roteiro flexível que incluiu a canção Descaminhos (Joanna e Sarah Benchimol, 1979), o samba Trégua suspensa (Teresa Cristina e Lula Queiroga, 2010), o baião Haicai (Fátima Guedes, 2013) e as canções Mutante (Rita Lee e Roberto de Carvalho, 1981), Vida de artista (Sueli Costa e Abel Silva, 1978), Só nos resta viver (Angela Ro Ro, 1979) e Só se for (Simone e Zélia Duncan, 2013). Um brinde aos ouvintes, com vinho, encerrou a live de Simone com recomendações da cantora para que o público espectador permaneça em casa. Exatamente como Simone ficou naquele dia de 1977 em que recebeu a canção Jura secreta no conforto da casa. Passados 43 anos, novamente em casa, a Cigarra “encheu de som o ar, arrebentando de tanta luz”.