♪ ANÁLISE – Na noite de sábado, 11 de abril, Gusttavo Lima reiterou o poder comercial do universo pop sertanejo ao realizar a segunda live do projeto Buteco em casa. No caso, a casa foi mansão em Goiânia (GO) onde vive o artista de origem mineira. Com pompa perceptível no cenário que incluiu kombi e caminhonete alocados ao redor de piscina, o cantor soltou a voz por mais de cinco horas. Dados do canal oficial de vídeo do astro sertanejo indicam mais de 50 milhões de visualizações em número ainda crescente. Ou seja, a live de Gusttavo Lima resultou em outro bom negócio para a indústria da música. As empresas patrocinadoras do evento atingiram público de dimensão superlativa. Representantes do gênero musical dominante nas playlists brasileiras, Gusttavo Lima, Marília Mendonça e a dupla Jorge & Mateus, entre outros nomes do segmento sertanejo, são exemplo de artistas que souberam inventar um modelo rentável de negócio no momento mais delicado da história do showbiz e ainda ficaram bem na foto ao engrossar a corrente solidária para conter o avanço da epidemia do coronavírus com incentivos de doações feitas pelo público e por empresas. Diante da impossibilidade de viabilizar apresentações com a presença do público massivo desses artistas, a saída encontrada foi trazer esses milhões de seguidores para a frente da tela do celular e do computador. Se o povo não pode ir aos shows, os artistas vão até onde esse povo forçosamente está neste momento de isolamento social – em casa – e faz a máquina girar novamente com apresentações virtuais feita como mix de pompa e espontaneidade. Deu certo. Ao menos, por ora. Tanto que astros como Luan Santana já entraram na onda e anunciaram lives para este mês de abril. A questão a discutir é a possível sobrevivência desse modelo de negócio após o fim da quarentena. Marília Mendonça em cena na primeira e por ora única 'live' da cantora Reprodução / Vídeo Essas lives patrocinadas apontam caminhos que, sim, talvez sejam seguidos pela indústria da música quando o isolamento social não for mais necessário. Com investimento irrisório diante de show tradicional (Gusttavo Lima arregimentou três músicos invisíveis nas telas, mas presentes na apresentação caseira), tais lives estão se mostrando rentáveis tanto para o artista quanto para os patrocinadores. Todos estão ganhando. Para o artista, o patrocínio engorda a conta bancária. Para as empresas, o ganho reside na oportunidade de ver a marca exposta para milhões de seguidores de forma simultânea, com direito a anúncios feitos pelos artistas durante as apresentações. E até o público ganha, pois não paga ingresso para ver/ouvir o artista. Enfim, o modelo tem se revelado sustentável do ponto de vista econômico, embora possa correr em breve o risco de saturação. Afinal, são poucos os cantores, mesmo no populoso universo sertanejo, que mobilizam milhões de seguidores como Marília Mendonça, Gusttavo Lima e Luan Santana. De todo modo, um caminho se abriu para o showbiz na quarentena. O show não podia parar. E não parou. E não será surpresa se, quando as portas das casas de shows forem reabertas, as lives continuarem em cena. Até porque, como diz o título da canção composta por Irving Berlin (1888 – 1989) e lançada em 1946, there's no business like show business. Em bom português, não há nenhum negócio – para o bem e para o mal – como o negócio do show.