Secretário Mansueto Almeida defendeu alta temporária de gastos para garantir atendimento de saúde e fazer frente aos impactos econômicos da pandemia de coronavírus. O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou nesta terça-feira (7) que o governo deve gastar "o que for necessário" neste ano para garantir o atendimento à população na área de saúde por conta da pandemia de coronavírus, e também seus efeitos na economia. Entretanto, ele afirmou que esse aumento de despesas deve ser feito de forma temporária. "A gente deve gastar que for necessário neste ano. É gasto temporário, não permanente, para combater os efeitos econômicos e sociais [do coronavírus]. O erro que a gente não pode cometer é pegar esse momento de crise e aumentar gastos de forma permanente, em 2021, 2022 e 2023", afirmou ele, durante videoconferência promovida pelos jornais "O Globo" e "Valor Econômico". O secretário do Tesouro Nacional afirmou ainda que o rombo primário nas contas do setor público neste ano, com os gastos relacionados com a pandemia do coronavírus, está, até o momento, entre R$ 450 bilhões e R$ 500 bilhões, acima de 5% do PIB. Com isso, será o maior déficit da série histórica, iniciada pelo Banco Central em 2001. O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, em foto de fevereiro de 2020 Daniel Resende/Futura Press/Estadão Conteúdo De acordo com Mansueto Almeida, o desafio, neste momento, é proteger as pessoas em situação vulnerável por conta da crise do novo coronavírus, e garantir que os estados e municípios tenham os recursos necessários para as ações na área de saúde. "O Brasil tem uma rede de assistência social muito grande. Hoje, um idoso no interior do Norte e Nordeste tem uma aposentadoria rural e está protegido. Mas os trabalhadores informais, em um esforço de guerra, o governo precisa encontrar essas pessoas e dar renda. O terceiro desafio é o caso dos empresários, que já passaram por vários momentos de crise, construíram empresa sólidas e, de alguma forma, tem de ajudar a manutenção do emprego", disse. Medidas econômicas na crise do coronavírus: veja perguntas e respostas Governo prevê déficit de R$ 419 bi nas contas públicas em 2020, maior valor da série histórica Ele afirmou, ainda, que o governo está estudando editar uma medida provisória para permitir que as empresas que tenham dívidas com o governo possam buscar as linhas de crédito oferecidas nesse momento de pandemia do coronavírus. Acrescentou, porém, que segundo a Constituição, empresas que tiverem débitos com a Previdência Social, não estão aptas, o que gera um problema nesse caso. "Por que colocamos isso na Constituição", questionou. FMI e OMS pedem que líderes priorizem gastos com saúde Auxílio a informais O secretário admitiu que há uma dificuldade por parte de vários países em fazer com que o auxílio chegue nos trabalhadores da economia informal, mas avaliou que, no Brasil, esses problemas são menores por conta da existência do Cadastro Único, que reúne beneficiários de programas sociais, e dos bancos públicos. "A gente consegue operacionalizar muito rápido, mas chegar na economia informal é de fato difícil. Mas pelo que fui informado a Caixa desenhou e está disponível um aplicativo de celular. Quase todo mundo tem um aparelho de celular, esta disseminado. É esse tipo de esforço que a gente tem de fazer", declarou. Manutenção de empregos Sobre a linha de crédito emergencial para pequenas e médias empresas no valor de R$ 40 bilhões, sendo R$ 34 bilhões do governo federal, para ajudá-las a pagar os salários de seus funcionários pelo período de dois meses, Mansueto Almeida afirmou ainda que o governo vai transferir ainda nesta terça-feira ao BNDES os recursos necessários. "[O Tesouro] vai estar transferindo o dinheiro hoje para o BNDES. Chegamos uma minuta em que todos os lados ficaram satisfeitos. Os passos nem sempre são rápidos", disse ele. Previsão para o PIB Segundo Mansueto Almeida, qualquer projeção feita nesta momento sobre o crescimento da economia brasileira neste ano é "mero chute". "Se vai ser negativo em menos 1%, menos 2%, menos 3%, ninguém tem a mínima ideia neste momento. Talvez fique mais claro em duas três, quatro semanas. Pois ninguém tem ideia de qual será a velocidade de recuperação", declarou. Reformas Ele disse ainda que, caso o país não tivesse feito reformas importantes, como a da Previdência Social, a situação da economia seria "muito frágil" para enfrentar a pandemia do coronavírus. "Em outras crises, em 2002, 2008, e 2015, os juros estavam acima de 14% ao ano. Hoje é 3,75% ao ano. Vamos sair dessa crise com dívida maior, sim, mas o custo dessa dívida é muito baixo. Imagina estar com a divida alta e juros a 26% [como em 2003]. Basicamente, metade da dívida é afetada por esse juro de curto prazo. Ainda bem que a gente fez alguma reformas nos últimos anos, que a gente vai sair dessa crise sem estar quebrado", disse. O secretário afirmou ainda que o Brasil tem uma economia "muito diversificada, que tem uma indústria muito forte, setor de serviços forte, uma agricultura pujante". "Ainda bem que a gente é um país tão grande e tão diversificado que, se a gente construir um diálogo político, a gente vai tomar as decisões corretas para reduzir os custos econômicos e sociais dessa crise e tentar recuperar a economia mais rápida na saída da crise. É necessário u,a palavra: diálogo", concluiu ele. Initial plugin text