Todos os setores registraram declínio, sendo os mais significativos naqueles em que a compra pode ser postergada. Levantamento da CNC indica que as perdas no comércio já somam R$ 53,3 bilhões. A atividade do comércio brasileiro em março teve a maior queda no comparativo mensal da série histórica, iniciada em 2000. A redução foi de 16,2% em relação a fevereiro, feitos os devidos ajustes sazonais, segundo o Indicador de Atividade do Comércio da Serasa Experian.
Todos os setores registraram declínio na variação mensal, sendo os mais significativos naqueles em que a compra pode ser postergada – Veículos, Motos e Peças (-23,1%) e Materiais de Construção (-21,9%). Combustíveis e Lubrificantes tiveram a menor diferença com relação a fevereiro, com 5,5% de recuo.
No comparativo com março de 2019, as vendas no varejo tiveram retração de 13,7%, puxada por Veículos, Motos e Peças (-26,3%) e Materiais de Construção (-17,9%). Móveis, Eletrodomésticos, Eletroeletrônicos e Informática (-15,1%) e Tecidos, Vestuário, Calçados e Acessórios (-11,1%) aparecem na sequência, com Combustíveis e Lubrificantes (-8,7%) e Supermercados, Hipermercados, Alimentos e Bebidas (-2,4%).
O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, avalia que este movimento era esperado e que deve ser uma tendência para os próximos meses.
“Com as pessoas ficando mais em casa e muitas lojas físicas fechadas, cai automaticamente o consumo de itens, principalmente os não essenciais, como Veículos e Materiais de Construção, que apresentaram a maior retração em março. Na contramão estão áreas essenciais, como Supermercados e Combustíveis, cujo impacto foi menor pelo consumo e necessidade de abastecimento das cidades”, diz em comentário enviado à imprensa.
Também nesta terça-feira, o IBGE divulgou que as vendas do comércio varejista tiveram alta de 1,2% em fevereiro, na comparação com janeiro. O resultado interrompeu dois meses seguidos de queda, quando o setor acumulou perda de -1,7%.
Sincomércio prevê prejuízo milionário para economia da região com a quarentena
Comércio perdeu R$ 53,3 bilhões até o momento, aponta CNC
Segundo estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as perdas diretas impostas ao comércio pela crise do coronavírus já chegam a R$ 53,3 bilhões em dez unidades da Federação: Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo (responsáveis por 72,5% do volume de vendas do varejo nacional).
O valor representa uma retração de 46,1% no faturamento do setor, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Em São Paulo, onde o Governo do Estado decretou o fechamento de lojas de diversos segmentos do comércio a partir de 20 de março, a CNC estima que a perda no volume de vendas chegue a R$ 25,64 bilhões. Já no Rio de Janeiro, as perdas devem alcançar R$ 6,75 bilhões.
Minas Gerais (R$ 8,34 bilhões), Santa Catarina (R$ 4,8 bilhões) e Rio Grande do Sul (R$ 2,15 bilhões) fecham a lista das cinco UFs que mais registrarão queda do faturamento no período.
A CNC citou dados do serviço de georreferenciamento do Google, mostrando uma queda de 71% da circulação de consumidores no varejo de rua, shopping centers, livrarias e cinemas.
“Mesmo no varejo essencial, como supermercados, minimercados, mercearias e farmácias, o número de visitantes encolheu 35% em relação à movimentação usual”, destacou Fabio Bentes, economista da CNC responsável pelo estudo.