É preciso reduzir gastos, renegociar, refinanciar e fazer mudanças para lidar com a realidade do país em meio à crise causada pelo novo coronavírus. Pequenos empresários precisam se reinventar para superar crise
Calçadas vazias, lojas fechadas. Isolamento social que salva vidas, mas derruba a economia. Como vender, se o consumidor não aparece? E como pagar as contas, se não vende? Hora de reduzir, renegociar, refinanciar e, mais do que nunca, se reinventar. Existem saídas, sim. Mas o pequeno empresário precisa de ajuda nessa hora.
Para uma rede de lojas de chocolates seria a melhor Páscoa dos últimos cinco anos. Mas, com o fechamento do comércio por causa do novo coronavírus, o sonho virou pesadelo. Foi o que aconteceu com o empresário Manoel Landmann. A empresa dele tem 33 anos e produz todos os chocolates em uma fábrica própria. Ele esperava vender 12 toneladas neste mês.
Passado o choque, Manoel foi rápido. Entrou com um pedido de financiamento de R$ 1 milhão numa nova linha criada pelo Governo do Estado de São Paulo para ajudar empresas em dificuldade. Ele fez o pedido online pelo site do Desenvolve SP.
“Micro e pequena empresa, especificamente pra esses segmentos, nós lançamos capital de giro com 42 meses para amortização e nove meses de carência”, explica Nelson de Souza, presidente da Desenvolve SP.
O programa deve ajudar, pelo menos, mil empresas no estado a enfrentar os impactos financeiros da pandemia. As taxas de juros são a partir de 1,20 ao mês.
No Governo Federal, entre outras medidas, e depois de muitas críticas, o governo enviou nesta semana uma polêmica medida provisória que autoriza a redução da jornada de trabalho, com corte proporcional do salário do empregado. Parte das perdas será compensada pelo Governo.
“Existem dois efeitos principais: a preservação do poder de compra de ampla maioria da população, o que vai fazer com que a economia continue girando, e a preservação em si das empresas, porque até então grande parte delas não vinham sendo atendida pelas medidas oferecidas”, explica Rubens Massa, professor de empreendedorismo da FGV-SP.
O empresário Manoel também pretende aumentar as vendas da loja virtual da rede, responsável por 10% do faturamento. Ele mudou a ferramenta de busca do site, diminuindo o peso das fotos para agilizar a navegação.
A empresa tem 57 funcionários e não demitiu ninguém, apenas mudou os funcionários de área. Por exemplo, o pessoal que trabalhava nas lojas foi para o setor de telemarketing, que quadruplicou de tamanho.
Duas semanas depois do decreto que fechou o comércio na capital paulista, mais da metade da fábrica do Manoel continua parada. Mas a pequena produção que restou está ativa, atendendo as entregas, que dobraram na última semana. Um pequeno, mas promissor começo.
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