O contrato do Brent para junho fechou em alta de 17,36%; o WTI para maio terminou em alta de 25,0% Campo terrestre de exploração de petróleo da Petrobras no Nordeste Divulgação Os contratos do petróleo fecharam esta quinta-feira (2) com os maiores saltos em uma única sessão já registrados, com os investidores sendo animados pela perspectiva de um corte coordenado de produção para aliviar uma parte da pressão gerada pela pandemia do novo coronavírus. Os contratos encerram com isso uma sessão de alta volatilidade. No começo do pregão americano, o presidente americano, Donald Trump, disse, pelo Twitter, que espera ver uma redução de pelo menos 10 milhões de barris por dia na produção de petróleo global. "Acabei de conversar com meu amigo [Mohammad Bin Salman, príncipe herdeiro] da Arábia Saudita, que falou com o presidente [Vladimir] Putin, da Rússia. Eu espero e torço que eles estejam cortando aproximadamente 10 milhões de barris e talvez substancialmente mais”, escreveu Trump. Trump diz esperar acordo entre Rússia e sauditas sobre petróleo em breve Os preços da commodity dispararam após os comentários do presidente dos EUA. O contrato do Brent para junho chegou a subir 46,68%, na máxima intradia, tocando os US$ 36,29 por barril, mas fechou em alta de 17,36%, a US$ 29,94 o barril. O do WTI para maio encerrou com valorização de 25,0%, a US$ 25,32 por barril, depois de tocar os US$ 27,39, alta de 34,8%. Os ganhos de hoje representam as maiores altas diárias já registradas para ambas as referências, de acordo com dados da Dow Jones Market Data. A série histórica da Dow Jones vai até 1983 para o WTI e 1988 para o Brent. O petróleo moderou os ganhos depois que Moscou negou que Putin tenha conversado com Bin Salman sobre o assunto, mas se estabilizou em forte alta após comentário de autoridades sauditas de que o reino consideraria cortes significativos em sua produção contanto que outros países do G-20 estejam dispostos a se unir aos esforços. "Esta foi uma surpresa positiva para os mercados, mas ainda estamos muito distantes de vermos cortes significativos reais", disse Gary Ross, executivo-chefe da Black Gold Investors LLC. "A demanda ainda está sendo devastada". Por outro lado, o fato de que a capacidade de armazenamento de petróleo está se esgotando, em meio ao tombo na demanda causado pela pandemia do coronavírus, limita o entusiasmo dos investidores. Muitos analistas dizem que uma trégua da disputa de preços entre os sauditas e a Rússia fariam pouca coisa para mudar esta dinâmica. "É fisicamente impossível para a Arábia Saudita e a Rússia retirarem dos mercados 10 milhões de barris por dia, eles acabariam com as suas reservas em terra e todos os navios petroleiros existentes", disse Edward Marshall, operador de commodities da Global Risk Management. "Mesmo com a Opep ajudando, essa é uma quantidade fenomenal de petróleo, e seria muito difícil alinhar todo mundo." Trump deve se reunir nesta sexta (3) com os principais executivos de algumas das maiores companhias do setor de petróleo nos EUA. Entre os nomes esperados estão os presidentes da Exxon, Chevron e Continental Resources.