Somente o índice Ibex 35, da Espanha recuou, todos os demais fecharam em alta no aguardo de um acordo entre Arábia Saudita e Rússia sobre a produção de petróleo. Como de costume desde que a covid-19 começou a se propagar pela Europa e pelos Estados Unidos há mais de um mês, as bolsas europeias enfrentaram uma sessão volátil nesta quinta-feira (2) e oscilaram entre perdas e ganhos durante o pregão devido a dados sobre mercado de trabalho e o noticiário geopolítico em torno do petróleo. No fim, fecharam em alta, com exceção da Espanha.
O índice pan-europeu Stoxx Europe 600, que operou em território negativo após os dados de seguro-desemprego nos EUA, virou e encerrou a jornada em alta de 0,42%, a 312,08 pontos, ajudado pelas ações das empresas de energia, que pegaram carona na escalada dos preços do petróleo depois que o presidente americano, Donald Trump, declarou, no Twitter, que o príncipe-herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed Bin Salman, e o líder russo, Vladimir Putin, estariam prestes a fechar um acordo para cortar a produção em algo entre 10 milhões e 15 milhões de barris por dia.
Depois do tuíte de Trump, os preços dos contratos para junho do Brent, a referência global do petróleo, chegaram a subir 40%. Em seguida, as cotações desaceleraram após a Rússia ter afirmado que Putin não conversou com a Arábia Saudita sobre o assunto. No início da tarde desta quinta, os contratos ainda subiam 20%, a US$ 29,81, depois da queda de cerca de 65% no primeiro trimestre de 2020.
Mesmo com a desaceleração no fim do pregão europeu, as ações da petroleira britânica BP fecharam o dia em alta de 5,89% na Bolsa de Londres, o que contribuiu para que o índice FTSE 100 conseguisse terminar a jornada com alta de 0,47%, a 5.480,22 pontos.
Outro destaque do pregão foi a petroleira Royal Dutch Shell, que fechou em alta de 9% na Bolsa de Amsterdã.
Outras bolsas também se favoreceram do movimento de recuperação das empresas de energia. O DAX, índice de referência da Bolsa de Frankfurt, saiu do território negativo e terminou o dia com leves ganhos de 0,27%, a 9.570,82 pontos. Na Bolsa de Paris, o CAC 40 também conseguiu reverter as perdas e avançou 0,33%, a 4.220,96 pontos.
A queda anterior aos ganhos com a escalada do petróleo veio com os dados sobre os novos pedidos de seguro-desemprego nos EUA, que aumentaram em 6,6 milhões na semana passada, dobrando o recorde da semana anterior em que 3,3 milhões de reivindicações pelo benefício foram solicitadas.
O aumento abrupto do número de desempregados nos EUA ocorre na esteira das paralisações necessárias para a contenção do novo coronavírus no país. A Oxford Economics prevê que o número de desempregados nos EUA pode chegar a 20 milhões durante a pandemia, a uma taxa de desemprego de 12% — até fevereiro estava em 3,5%.
Itália
Já as bolsas de Milão e Madri, além do noticiário global, também foram influenciadas durante o pregão por questões locais. Na Itália, os sinais de que a curva de contaminação pelo coronavírus pode estar finalmente se firmando em deslocamento descendente ajudou o índice FTSE MIB a ficar acima dos seus pares europeus durante todo o pregão, até fechar em alta de 1,75%, a 16.834,03 pontos.
Espanha
Na Espanha, por outro lado, pesaram as informações divulgadas nesta quinta-feira que evidenciaram o duro golpe da pandemia no mercado de trabalho local. Segundo dados oficiais, 302 mil pessoas solicitaram o benefício de auxílio-desemprego em março, uma alta mensal de 9,3% no número de reivindicações, elevando a cifra oficial de pessoas desempregadas no país para 3,5 milhões. Além disso, o número de contribuintes ativos do sistema de seguridade social espanhol caiu em 833,9 mil, para 18,4 milhões, sinalizando que mais de 833 mil empregos foram cortados até 31 de março.
Diante desses dados e mais o recorde de 950 mortos pela covid-19 nas últimas 24 horas, alcançando mais de 10 mil vítimas fatais pelo vírus no país, o Ibex 35, índice de referência da Bolsa de Madri, terminou o dia em queda de 0,08%, a 6.574,10 pontos, apesar do bom desempenho das empresas de energia devido à alta do preço do petróleo na sessão. A Repsol, por exemplo, subiu 6,02% na bolsa espanhola.