Superávit de US$ 6,135 bilhões é o pior resultado para o período em cinco anos. Governo aponta reflexo de 'medidas severas' adotas por países para conter avanço do vírus. A balança comercial registrou superávit de US$ 4,713 bilhões em março, informou o Ministério da Economia nesta quarta-feira (1º).
O superávit acontece quando as exportações superam as importações. Quando ocorre o contrário, é registrado déficit comercial.
Em relação a março do ano passado, houve uma alta de 9,7% no saldo comercial positivo, de acordo com os números oficiais.
Já no acumulado do primeiro trimestre deste ano, a balança comercial registrou um superávit (exportações menos importações) de US$ 6,135 bilhões. A cifra representa uma queda de 32% frente ao saldo positivo de US$ 9,025 bilhões registrado no mesmo período do ano passado.
Esse foi o pior resultado, para este período, desde 2015, quando foi registrado um déficit comercial (importações maiores do que vendas externas) de US$ 5,577 bilhões. Deste modo, foi o pior valor para os três primeiros do calendário em cinco anos.
A redução do saldo comercial positivo acontece em meio ao processo de desaceleração da economia mundial, intensificado nas últimas semanas com a pandemia do coronavírus. A China, que registrou o primeiro caso do Covid-19 em dezembro do ano passado, é o principal comprador de produtos brasileiros.
A pandemia se espalhou, posteriormente, por outros países, atingindo os Estados Unidos, o segundo maior importador de produtos nacionais, com mais intensidade nas últimas semanas.
"O comportamento do trimestre foi influenciado, entre outros fatores, por um comércio mundial pouco dinâmico, agravado pela pandemia da COVID-19. Os países têm adotado medidas severas para diminuir o ritmo de contágio da doença", avaliou Herlon Brandão, subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior do Ministério da Economia.
Segundo ele, quedas bruscas na demanda nos mercados de destino podem demorar meses para se refletirem na redução das exportações brasileiras.
"Parte das mercadorias exportadas possuem contratos de fornecimento de longa duração. Além disso, as exportações são contabilizadas na saída da mercadoria do território nacional, e podem demorar 30 dias para chegar ao mercado de destino", acrescentou Brandão.
Exportações e importações
No mês de março, as exportações somaram US$ 19,239 bilhões, valor 4,7% menor do que o registrado no mesmo mês do ano passado. Já as importações totalizaram US$ 14,525 bilhões, recuo de 4,5% na mesma comparação.
De acordo com o governo, houve queda, em março, nas exportações de produtos básicos (-0,6%) e de manufaturados (-14,9%), enquanto avançaram as vendas externas de semimanufaturados (+6,1%).
Nas importações, recuaram as compras do exterior de combustíveis e lubrificantes (-32,5%) e bens de consumo (-19,3%), ao mesmo tempo em que cresceram as aquisições de bens intermediários (+3,5%) e bens de capital (+2,8%).
Já no primeiro trimestre de 2020, ainda de acordo com o governo, as exportações somaram US$ 50,095 bilhões –queda de 3,7% na comparação com o mesmo período do ano passado. A média diária foi de US$ 808 milhões.
As importações somaram US$ 43,960 bilhões, com alta de 2,6% em relação ao mesmo período de 2019. A média diária foi de US$ 709 milhões.
Mercados compradores
De acordo com o governo, os principais compradores de produtos brasileiros no primeiro trimestre foram:
China, Hong Kong e Macau: 14,621 bilhões;
Estados Unidos: US$ 5,288 bilhões;
Argentina: US$ 2,168 bilhões;
Países Baixos: US$ 2,067 bilhões;
Cingapura: US$ 1,698 bilhão.
Ano de 2019 e projeções
No ano passado, a balança comercial registrou superávit de US$ 46,6 bilhões. Com isso, o saldo positivo, assegurado principalmente pela exportação de produtos básicos, ficou 19,6% abaixo do de 2018.
A expectativa do mercado financeiro para este ano é de nova queda do saldo comercial. Segundo pesquisa realizada pelo Banco Central na semana passada, a previsão para 2020 é de um saldo positivo de US$ 35 bilhões nas transações comerciais do país com o exterior.
O Banco Central, por sua vez, prevê um superávit da balança comercial de US$ 33,5 bilhões neste ano – com exportações em US$ 191 bilhões e importações no valor de US$ 157,5 bilhões.