Um dos primeiros brasileiros diagnosticados com o Covid-19, ele diz que fez 'linha do tempo' para lembrar com quem havia falado e se sentiu culpado por poder ter transmitido doença. Di Ferrero, ex-vocalista do NX Zero e hoje com carreira solo mais voltada para a música pop, foi um dos primeiros brasileiros diagnosticados com o novo coronavírus. Ouça acima uma entrevista com Di Ferrero no G1 Ouviu, o podcast de música do G1. O episódio também fala sobre o impacto da pandemia no mercado de música do Brasil e do mundo. O cantor de 34 anos falou dos dias de ansiedade e isolamento em Florianópolis. Ele divulgou o diagnóstico no dia 12 de março. Nesta semana, ele disse que está "curado e sem o vírus", mas segue em quarentena. "Como eu fui um dos primeiros a pegar o coronavírus por aqui, eu fiquei sem saber o que fazer no começo. Quando eu comecei a sentir os sintomas, eu estava em Floripa. Depois que eu saí do hospital, antes de sair o exame, eu já fiquei em casa e tal", disse o cantor ao G1. "Então, foi uma ansiedade pra saber o que estava acontecendo. Aí, me deu um pouco de febre, eu falei: 'Caramba velho, o que que tá acontecendo, será que eu tô com isso?' Quando saiu [o resultado positivo], tinha alguns shows pra rolar. Ninguém tinha cancelado nada ainda. Mas eu já tinha falado com a minha galera, que eu não tava bem, que eu achava que ia ter que cancelar um show que eu tinha no sábado, as [idas às] rádios que eu tinha na sexta-feira, com todos os fãs e tal." Di Ferrero e Isabeli Fontana no clipe de 'No Mesmo Lugar' Divulgação Ao ser perguntando sobre o medo de ter transmitido para alguém conhecido ou para algum fã, Di Ferrero contou que se sentiu culpado ao pensar nessa possibilidade: "Eu fiquei pensando, eu fiz uma linha do tempo, falei: 'Cara quem é que eu posso [ter contaminado], antes de saber que eu estava e de ir ao hospital e passar mal. Quem eu posso ter tido contato, meu Deus, sabe? Putz! Eu fiquei ansioso pra caramba tentando lembrar com quem eu falei e as pessoas… 'Olha, saiu positivo'." Ao chegar de Nova York, nos Estados Unidos, ele viajou direto para Florianópolis, devido a alguns compromissos que havia marcado. "Encontrei algumas pessoas, tipo o meu advogado, e ele deu negativo. A própria Isabeli [Fontana, modelo e esposa dele] também deu negativo. Que bom que a imunidade deles está boa, graças a Deus." "Mas não encontrei meus enteados e nem os meus fãs, não tive nada assim, ainda bem, cara. Porque senão eu acho que não iria conseguir dormir nas primeiras noites, porque só dessas poucas pessoas que eu tive contato eu fiquei bem me sentindo… não é nem culpado, talvez culpado. Pô, fiquei pensando 'Por que eu fui viajar pra fora? Por que eu fui pra lá?' Mas isso com o tempo foi acalmando." O cantor também disse que todos esses pensamentos fizeram com que ele ficasse ansioso. E essa ansiedade foi fazendo com que ele piorasse de saúde. "Então, eu voltei pro meu mundo, tocar música, fazer som", explicou, ao se referir às lives no Instagram que vem fazendo desde então. Nesses vídeos ao vivo, ele conversa com fãs, toca músicas e fala sobre o coronavírus. "Virou uma loucura, eu comecei a tentar informar a galera o máximo possível. Não de coisas técnicas do meu tratamento, porque cada caso é um caso, cada pessoa tem um tratamento, então a galera fica me perguntando sem parar sobre tratamento. E aí eu liguei para alguns médicos, fui atrás, lia todos os sites saude.gov, todos os sites do governo, principalmente, pra ver o que eu tinha que fazer." SAIBA MAIS da carreira solo pop de Di Ferrero Di também teve acompanhamento durante os primeiros dias da quarentena. 'Ficou uma pessoa falando comigo no WhatsApp todo dia, da vigilância epidemiológica. Eu ficava me reportando e aí meu papel foi pra acalmar a galera. Eu me acalmei e passei isso pra frente. As pessoas começaram a se acalmar. Eu vi que estava fazendo alguma coisa positiva, então comecei a me sentir melhor. Pra não ficar louco, então eu posso ajudar nessa hora." O ex-vocalista do NX Zero também mandou um recado pra quem não pode ficar em casa. Em suas lives, ele sempre se lembra das pessoas que continuam trabalhando: "Pra galera que é essencial trabalhar, eu estou agradecendo, a galera guerreira, né? Hospitais, mercados, farmácias… Não é todo mundo que pode ficar em casa, que nem eu. Eu quero acalmar pra esse cortisol não ficar alto, e aí eu ficar mais ansioso e baixar a minha imunidade de novo. Isso vale pra todo mundo." "Quanto mais junto a gente estiver em todos os sentidos, no mercado do entretenimento, não só no entretenimento, mas no geral, menos todo mundo vai perder. Porque todo mundo já perdeu ou está perdendo alguma coisa. Mas quanto mais junto a gente estiver menos a gente vai perder neste momento. Essa consciência que eu tento passar e isso me fez ficar mais calmo aqui e me senti melhor. Tamo junto, a gente vai passar por essa aí."