Reinado de 'O mundo vai' na folia de 2020 dá alento ao axé, gênero já suplantado na preferência popular pelo pagode. É fato que a axé music já foi suplantada, na preferência dos foliões de Salvador (BA), por ritmos como o pagode baiano e mesmo o funk importado do Rio de Janeiro. Sobretudo fora da temporada carnavalesca. Ainda assim, o miscigenado gênero afro-pop-baiano deu sinais vitais no Carnaval em que festeja 35 anos de vida, tomando-se como marco zero a explosão de Luiz Caldas em 1985. Por isso mesmo, a eleição de O mundo vai (Ivete Sangalo, Gigi, Ramon Cruz, Samir Trindade, Radamés Venâncio e Tierry Coringa) como a melhor música do Carnaval da Bahia neste ano de 2020 – preferência auferida por diversas enquetes populares – é, além de merecida, relevante porque dá alento à axé music em momento em que o gênero já vive mais do passado de glória sem estar entronizado na preferência popular como nas áureas décadas de 1980 e 1990 (e mesmo nos anos 2000). A vitória é merecida porque há anos Ivete não apresentava música tão empolgante. A última tinha sido Cadê Dalila? (Carlinhos Brown e Alain Tavares), hit do Carnaval da Bahia em 2009. O fato é que, com batida inebriante e uma letra atual que tenta renovar a linguagem do gênero, O mundo vai nada fica a dever aos maiores sucessos da cantora, caso de Sorte grande (Lourenço Filho, 2003), música mais conhecida na boca do povo como Poeira ou Levantou poeira. Com o habitual carisma, Ivete Sangalo reinou no Carnaval de Salvador (BA) em 2020 e, com justiça, o mundo na Bahia foi atrás do trio elétrico da cantora, atestando a soberania da música lançada pela artista em janeiro.