Mestre do terror brasileiro morreu nesta quarta-feira (19) aos 83 anos. Zé do Caixão no filme 'Encarnação do Demônio', de 2008 Divulgação O ator, diretor e roteirista José Mojica Marins, conhecido pelo personagem Zé do Caixão, morreu aos 83 anos, em São Paulo. Considerado o grande mestre do gênero de terror do cinema brasileiro, seu interesse pelo horror escatológico começou nos anos 1950, mas o apelido só apareceu em 1964. FOTOS: Relembre carreira de Zé do Caixão VÍDEOS: Entrevistas e Zé do Caixão em ação O cineasta dirigiu mais de 40 filmes e atuou em mais de 50 ao longo de sua carreira. Mesmo assim, seu personagem mais famoso, o agente funerário sádico de unhas longas e cartola, foi estrela apenas de uma trilogia – mas aparece em outros três filmes do diretor. Relembre a saga de Zé do Caixão no cinema: 'À Meia-Noite Levarei Sua Alma' (1964) 'À Meia-Noite Levarei Sua Alma' será apresentado gratuitamente em Itu Divulgação Na primeira aparição de Zé do Caixão no cinema, o coveiro odiado pelos moradores de uma pequena cidade do interior é obcecado em conseguir gerar o filho perfeito. Ele então ataca a namorada de seu amigo, e ela comete suicídio, jurando voltar dos mortos para levar sua alma para o inferno. O diretor interpretou o personagem no filme por não encontrar um ator que se submetesse à caracterização necessária. 'Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver' (1967) Zé do Caixão em 'Esta noite encarnarei no teu cadáver', de 1967 Divulgação O sucesso do coveiro foi tanto que ele retornou em uma sequência direta. Em sua busca pela mulher perfeita para lhe dar um filho, o coveiro sequestra seis moças em uma nova cidade e as submete a um teste de medo. Depois de escolher uma delas, mata as demais – e uma jura que reencarnará no cadáver do vilão. 'O despertar da Besta' (1970) Pôster de 'O ritual dos sádicos', de José Mojica Marins Divulgação No filme, também conhecido como 'O ritual dos sádicos', um psiquiatra participa de um programa de TV para falar sobre seus experimentos com LSD em viciados em drogas. Zé do Caixão fez praticamente apenas uma participação especial na história, dentro de um documentário falso exibido. Além do coveiro, Mojica também interpretou a si mesmo, participando do programa como um especialista em depravação. 'Exorcismo negro' (1974) Pôster de 'Exorcismo negro' Divulgação Mojica voltou a interpretar suas duas personas, diretor e coveiro, em "Exorcismo negro". Na história, o cineasta vai a uma fazenda de amigos para escrever seu próximo filme, e tem de enfrentar sua própria criação para impedir o casamento de uma mulher obrigada a casar com o filho do demônio. 'Delírios de um Anormal' (1978) Pôster de 'Delírios de um anormal' Divulgação "Delírios de um Anormal" foi construído com cenas antigas e censuradas de quatro filmes anteriores do cineasta. Na história, um psiquiatra assombrado por pesadelos com Zé do Caixão pede ajuda a seu criador, o próprio Mojica (mais uma vez interpretando os dois papéis), que tenta convencê-lo de que o personagem é apenas ficção, e não um demônio de verdade. 'Encarnação do Demônio' (2008) Zé Celso e José Mojica Marins em 'Encarnação do Demônio' Divulgação A conclusão da trilogia de Zé do Caixão (formada também por "À meia-noite levarei sua alma" e "Esta noite encarnarei no teu cadáver") foi selecionada para exibição na mostra Midnight Movies do Festival de Veneza. No filme, o primeiro dirigido por Mojica em mais de 20 anos, o coveiro deixa a prisão após 40 anos, mas continua em sua busca pela mulher perfeita para ter seu filho. Procurado por um padre (Milhem Cortaz) em busca de vingança, Zé conta com a ajuda de seu antigo ajudante, Bruno (Rui Resende), para enfrentar seus inimigos e torturar possíveis "candidatas".