Carlo Chatrian, diretor do evento, disse que grande presença brasileira pode ser motivada por cineastas que 'apressaram' lançamentos com medo de corte de apoios. O júri do Festival de Berlim, de 2020, posa: Kenneth Lonergan, Bettina Brokemper, Luca Marinelli, Berenice Bejo, Jeremy Irons, Kleber Mendonca Filho e Annemarie Jacir Tobias Schwarz/AFP A 70ª edição do Festival de Berlim tem um programa para todos os gostos: do filme mais recente da Pixar até uma minissérie documental sobre Hillary Clinton, passando por produções de cineastas dissidentes. O peso do Brasil será significativo este ano, com Kleber Mendonça Filho ("Bacurau") no júri, um filme na disputa pelo Urso de Ouro, "Todos os mortos", e produções selecionadas para as mostras do festival. O codiretor do festival Carlo Chatrian explicou que a grande presença brasileira pode ser motivada pelo fato de que os "cineastas têm medo de um corte no apoio", o que levou muitos a "apressar a finalização de seus filmes". Apesar de prolífico, o cinema brasileiro está sofrendo a perda de apoio público desde a chegada ao poder em 2019 do presidente Jair Bolsonaro. Pixar, depois do Oscar Após conquistar mais um Oscar, desta vez por "Toy Story 4", os estúdios Pixar (Disney) apresentarão fora de competição "Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica". É uma história original de dois irmãos que embarcam em um aventura para que seu pai, que eles mal conhecem, possa retornar durante 24 horas. Em um mundo no qual a tecnologia assumiu o controle da sociedade, os jovens Ian e Barley tentam fazer a magia reviver. Os protagonistas são dublados por Tom Holland e Chris Pratt. Xiao Sun,Hamza Haq, Yanic Truesdale, Douglas Booth, Philippe Falardeau, Margaret Qualley, Joanna Rakoff e Sigourney Weaver posam na abertura do Festival de Berlim 2020 John Macdougall/AFP Hillary Clinton, passado e presente A democrata Hillary Clinton apresentará uma minissérie documental de quatro capítulos que percorre sua vida e carreira profissional. "Hillary", dirigida por Nanette Burstein para a plataforma Hulu, foi imaginado inicialmente como um documentário sobre a campanha eleitoral de 2016, na qual a ex-candidata presidencial perdeu para Donald Trump. Em um ano crucial nos Estados Unidos com a eleição presidencial de 3 de novembro, Hillary Clinton será responsável pelo momento mais político da Berlinale. Dissidentes Berlim, festival com forte caráter social e político, exibirá na mostra oficial "There is no evil", do iraniano Mohamad Rasoulof, impedido pelo governo de deixar o país após o filme "Lerd", que denunciou a corrupção no Irã e foi premiado em Cannes em 2017. Fora da competição, a Berlinale exibirá "Numbers", do ucraniano Oleg Sentsov, detido em 2014 por ter protestado contra a anexação russa da Crimeia e que passou cinco anos detido na Rússia.