Uber: destino do aplicativo é acompanhado por empreendedores do mundo todo, inclusive do Brasil (Germano Lüders/EXAME)
São Paulo — Investidores do aplicativo de transportes Uber devem mostrar se há esperança não só para a companhia, como para as novatas de tecnologia na bolsa. Não é desta vez que a Uber anunciará um plano concreto para começar a reportar lucros trimestrais, mas a companhia está atacando de frente outra problema relevante: seu compromisso de jogar dentro das regras.
A companhia anunciou ontem que recebeu mais de 3.000 denúncias de abuso sexual nas 1,3 bilhão de corridas feitas nos Estados Unidos no ano passado, numa tentativa de mostrar que está levando as questões de segurança a sério. O número é uma queda de 16% nos casos mais graves, segundo a companhia anunciou.
A Uber ainda afirmou que 99,9% de suas corridas terminam em segurança, e que mais de um milhão de motoristas não passaram em testes de reconhecimento facial nos últimos dois anos.
O relatório sobre segurança, com 84 páginas, é o primeiro feito pela companhia, e vem duas semanas após a perda da licença de operação em um de seus mercados mais relevantes, Londres, por problemas de justamente neste quesito. Com atuação em 70 países, o aplicativo é constantemente criticado por sua postura frente a denúncias de má conduta de motoristas.
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A mudança de postura frente à opinião pública é um dos grandes desafios da gestão iniciada em 2017 pora Dara Khosrowshani. Ele assumiu o posto do incendiário fundador Travis Kalanick, conhecido por uma cultura de “atire primeiro e pergunte depois” que segue viva em outras startups promissoras, como a empresa de escritórios We Work.
O destino da Uber tem sido acompanhado de perto não só por seus clientes e investidores, mas também por empreendedores mundo afora.
Como mostra reportagem de capa de EXAME, o Brasil viveu em 2019 um ano especial para startups, com cinco delas sendo avaliadas em mais de um bilhão de dólares. Um dos próximos passos para a maturidade do mercado é que essas empresas consigam ir à bolsa, entrando definitivamente para o grupo das maiores do país.
Para elas, o destino de pioneiras como a Uber é fundamental. A companhia já perdeu 30% de seu valor de mercaddo desde que abriu capital, no primeiro semestre. É cobrada pela falta de retornos em seu negócio principal e por investir em projetos inovadores mas de longo prazo, como carros autônomos.
O relatório sobre segurança mostra que a companhia está determinada em ser vista como uma grande empresa de tecnologia, e não como um novato irresponsável.