Na quinta-feira, governo italiano decretou o estado de emergência na cidade por causa das marés altas excepcionais. Pessoa atravessa uma arcada inundada perto da Basílica de San Marco, em Veneza, na Itália, nesta sexta-feira (15) Filippo Monteforte / AFP A cidade de Veneza, na Itália, foi inundada por níveis de água excepcionalmente altos nesta sexta-feira (15), poucos dias depois de sofrer sua pior enchente em mais de 50 anos. A praça de San Marco, um dos principais pontos turísticos da cidade, foi fechada e a cripta debaixo da Basílica de São Marcos foi inundada. Sirenes soaram em toda Veneza já nas primeiras horas do dia, alertando para a maré alta iminente. Na quinta-feira (14), o governo italiano decretou o estado de emergência na cidade por causa das marés altas excepcionais dos últimos dias, alocando 20 milhões de euros para tratar dos danos imediatos. Na noite de terça-feira (12), Veneza registrou uma histórica "acqua alta" (maré alta), com um pico de 187 centímetros, o segundo recorde histórico, após o de 4 de novembro de 1966 (194 centímetros), danificando monumentos culturais, empresas e residências. Inundação em Veneza se agrava Após a elevação das águas desta sexta, meteorologistas previram marés de até 110-120 centímetros durante o final de semana. Em condições normais, marés de 80-90 centímetros são vistas como altas, mas administráveis. Há dias, as inundações provocam danos incalculáveis ao patrimônio artístico e imobiliário de uma das joias arquitetônicas do velho continente. Vários hotéis tiveram reservas canceladas e temem pela temporada de inverno. Por causa do estado de emergência, residentes com casas danificadas pelas inundações receberão até 5 mil euros (R$ 23 mil) e empresas com até 20 mil euros (R$ 22,5 mil) em compensação. A cidade, alvo de um controverso turismo de massas, recebe 36 milhões de pessoas por ano, 90% deles estrangeiros. Inundação atinge beco em Veneza, na Itália, nesta sexta-feira (15) Filippo Monteforte / AFP Em jogo o futuro de Veneza Veneza debate há anos sobre os sistemas mais adequados para se proteger das marés altas. Alguns chegaram inclusive a propor que seja transformada em um museu gigante, sem habitantes, para evitar seu desaparecimento. Atualmente, 50 mil habitantes no centro histórico. Ante a fragilidade de uma das joias da arquitetura bizantina, o governo convocou para 26 de novembro uma reunião do comitê especial sobre Veneza para analisar a fundo seus problemas de infraestrutura. Estimativas apontam que o fenômeno das marés altas aumentará devido à mudança climática e ao aquecimento do mar Adriático, de acordo com a France Presse. Praça de San Marco ficou inundada nesta sexta-feira (15) Filippo Monteforte / AFP O ministro italiano do Meio Ambiente, Sergio Costa, reconheceu na véspera que as causas do desastre são a "consequência direta da mudança climática e da tropicalização dos fenômenos meteorológicos com precipitações violentas e fortes rajadas de vento". Na reunião do fim de novembro, será discutido ainda o plano para evitar a passagem de grandes cruzeiros por seus canais assim como o controverso megaprojeto MOSE, que prevê a construção de uma barreira submersa para proteger a cidade da maré alta. O complexo e custoso sistema de comportas, que foi idealizado há 30 anos, ainda não entrou em funcionamento. As comportas começaram a ser construídas no exterior da lagoa em 2003 deveria estar concluído em 2016, mas não estará pronto antes de 2021. O projeto enfrenta problemas que se tornaram característicos de grandes programas de infraestrutura da Itália: corrupção, custos estourados e adiamento prolongados. Enquanto o prefeito de Veneza, Luigi Brugnaro, pede que se "termine o quanto antes", os ecologistas o consideram faraônico, custoso demais, obsoleto e inadequado.