Bloco de Libra, na Bacia de Santos: chinesas levaram área em leilão de 2013 (Agência Petrobras/Divulgação)
As petroleiras chinesas CNOOC e CNODC (subsidiária da CNPC) estão avançando cada vez mais no mercado brasileiro. No leilão do excedente da cessão onerosa, as gigantes estatais arremataram o bloco de Búzios, o maior do certame, juntamente com a Petrobras: cada uma terá 5% no consórcio. Embora tímida, a sua atuação vem crescendo de forma gradativa – e estratégica.
“Onde houver oportunidades de investimentos de longo prazo, os chineses vão colocar recursos. No caso do pré-sal, estas empresas estão investindo em fatias menores porque ainda não têm condições de entrar como operadoras. A curva de aprendizado delas é diferente”, diz um executivo ligado às petroleiras.
Não é a primeira vez que as duas companhias chinesas participam de um leilão emblemático no Brasil. Em 2013, o primeiro certame promovido pelo governo brasileiro na camada pré-sal teve lance único, de um consórcio formado pela Petrobras (como operadora, com 40% de participação), Total (20%), Shell (20%), CNOOC (10%) e CNPC (10%).
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As empresas chinesas participaram ainda de consórcios vencedores na 3ª e na 5ª rodadas sob o regime de partilha do pré-sal, ocorridas entre 2017 e 2018.
Com capital social no país de 1,5 bilhão de reais (CNODC) e de 3,56 bilhões de reais (CNOOC), as petroleiras têm como foco o avanço na exploração e produção em águas profundas.
A atuação por aqui não deve se limitar ao chamado upstream (exploração e produção). A CNPC, holding da CNODC, também fechou uma parceria com a Petrobras no segmento de refino (downstream). O acordo prevê estudos para avaliação técnica do estado do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). A futura joint venture, para concluir e operar o Comperj, será formada com 80% de participação da Petrobras e 20% da CNPC.
“Os chineses têm muitos recursos à disposição e investir nos diversos segmentos de energia, inclusive renováveis, faz parte da estratégia da China. No setor de petróleo não é diferente”, diz um executivo do setor.
As petroleiras também atuam em outros países na região das Américas, como México e Estados Unidos, sempre em águas profundas.
Segundo apurou a reportagem de EXAME, no primeiro semestre deste ano uma comitiva de executivos chineses visitou o litoral norte fluminense, incluindo Macaé – considerada a “capital do petróleo” – e Itaboraí. No grupo, estavam representantes da CNPC, e o objetivo era mapear as oportunidades de investimentos do upstream ao downstream.
“Os chineses estão avaliando ativos no refino, petroquímica, químicos, como monetizar o gás natural, entre outros segmentos”, explica uma pessoa que participou do processo.