Ticket Log: a divisão de frota e mobilidade, responsável por 26% das receitas, cresceu 20,3% nos três primeiros trimestres do ano (Mercedes-Benz/Divulgação)
A empresa francesa Edenred é mais conhecida no Brasil por sua divisão de benefícios, a Ticket. Afinal, são 7 milhões de funcionários de 130 mil empresas no Brasil que recebem seus benefícios pelos produtos da Ticket.
Mais discreta, a divisão do grupo que mais cresce está em um mercado bastante diferente: de gestão de frotas e soluções de mobilidade, por meio das marcas Ticket Log e Repom. Já são 30 mil clientes e 1 milhão de veículos cadastrados no base. A plataforma transacionou pagamentos de cerca de 2,5 bilhões de litros de combustível.
A divisão de mobilidade deu um salto no Brasil em 2016, com a fusão da Edenred com a brasileira Embratec. Com a operação, a companhia dobrou sua operação no país.
Os negócios de benefícios e de gestão de mobilidade são separados e têm até acionistas distintos. O Itaú detém uma participação de 11% na Ticket desde 2018 enquanto a Ticket Log tem participação do empresário gaúcho Ernesto Corrêa da Silva Filho, fundador da GetNet e da Embratec, que firmou uma joint venture com a Edenred.
Mesmo assim, Jean-Urbain Hubau, diretor geral de Frotas e Soluções de Mobilidade da Edenred, acredita que há muita possibilidade de sinergia entre as companhias. O segredo é a criação de um ecossistema, fórmula bastante usada por empresas de tecnologia. “Antes olhávamos cada solução de forma separada”, diz Hubau.
São sete milhões de usuários no Brasil, que usam os serviços da companhia para abastecer o carro no posto de combustíveis, pagar as compras no supermercado e almoçar durante o expediente. “Estamos presentes na vida das pessoas e há um valor muito grande em todos esses dados”, afirma o diretor.
Relevância da mobilidade
Globalmente, a companhia francesa Edenred faturou 1,17 bilhão de euros nos nove primeiros meses de 2019, alta de 18%. Cerca de 700 milhões das receitas vieram de sua divisão de benefícios para funcionários, que cresceu 13% no ano.
Por outro lado, a divisão de frota e mobilidade, responsável por 26% das receitas, cresceu 20,3% nos três primeiros trimestres do ano. O restante do faturamento vem de soluções complementares.
No Brasil, a receita operacional aumentou 10,6% no período, principalmente por conta da recuperação dos benefícios oferecidos aos funcionários. A América Latina representou 36% das receitas do grupo.
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Expansão
A companhia atua diversas frentes do mercado de mobilidade e logística. No segmento de transporte urbano, seu modelo de negócios é semelhante ao já oferecido pela Ticket: empresas fornecem benefícios de transporte ao funcionário, que pode escolher abastecer o carro ou pegar um Uber ou 99, dependendo do trajeto.
A Edenred atua também na gestão de frotas rodoviárias, incluindo o pagamento de pedágio e de fretes. A divisão lançou o Freto em março, um marketplace digital que conecta transportadores autônomos e frotistas com o embarcador. A plataforma já realizou mais de 100 mil transações e possui 20 mil transportadores cadastrados.
Para oferecer mais soluções aos clientes, tem uma divisão de manutenção, que concentra consertos e revisões dos veículos, compras de autopeças e parcerias com 18 mil mecânicas pelo país. Faz a manutenção de cerca de 300 mil veículos e no ano passado comprou 8,7 milhões de peças, o equivalente a reconstrução de quase 500 carros.
Por fim, tem uma divisão financeira digital, através da qual fornece contas digitais para os motoristas e caminhoneiros, um público tradicionalmente desbancarizado e que ainda recebe os pagamentos de frete em dinheiro. Já há 100 mil usuários cadastrados na plataforma.
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Para ajudar transportadoras e outras empresas a gerenciar a frota, a companhia acaba de lançar um novo serviço de inteligência artificial, chamado de TED. O sistema poderá avaliar qual o melhor posto de combustível para abastecer o veículo pelo menor preço e qual o trajeto mais eficiente para realizar entregas.
A Edenred não é a única a apostar na tecnologia para melhorar o mercado de transporte rodoviário. A Sotran, empresa de tecnologia para transportes, busca mudar esse cenário com um aplicativo que conecta caminhoneiros, transportadoras e empresas de agronegócio, a Tmov. Para facilitar a remuneração ao motorista, a companhia também criou um cartão de débito, que já tem 35 mil usuários ativos.
Com 2 milhões de caminhoneiros no Brasil, há espaço para expansão. “O transporte rodoviário ainda é muito informal e com pouca tecnologia. Temos o potencial de ajudar essas empresas a serem mais eficientes”, diz Hubau.