Altos custos e preocupação com a disponibilidade da eletricidade no longo prazo têm feito muitas companhias produzirem sua própria energia (Marisvector/iStockphoto)
O Brasil ultrapassou a marca histórica de 1 gigawatt de potência instalada em geração distribuída, segundo levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O dado mostra que os consumidores estão cada vez mais preocupados em produzir eletricidade a partir de fontes renováveis, como a energia solar. Não é diferente com as empresas. Os altos custos e a preocupação com a disponibilidade do recurso no longo prazo têm feito muitas companhias buscarem soluções para gerar sua própria energia.
Mas como se tornar independente? Primeiro, é preciso entender como funciona o sistema tradicional. Ele é composto por grandes unidades produtoras, como as hidrelétricas e termelétricas, longe dos grandes centros urbanos. A eletricidade produzida nesses lugares percorre milhares de quilômetros até chegar aos centros de consumo, de onde é distribuída para os consumidores. Durante esse caminho, ainda acontecem perdas nas redes de transmissão e quem paga por isso é o consumidor.
Já no modelo de geração distribuída, empresas ou residências podem produzir sua própria energia por meio de painéis fotovoltaicos, por exemplo. Mas é preciso seguir alguns passos para instalar o sistema e se conectar à rede de distribuição já existente. “Em qualquer situação, é necessário homologar o projeto com a concessionária da região do usuário”, afirma Édison Massao Motoki, professor de engenharia elétrica da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Também é possível buscar empresas que vendam esses equipamentos produtores de energia, pois elas podem consultar a concessionária e agilizar o processo.
O investimento é um dos grandes atrativos. Ao reduzir o valor da conta de luz, o dinheiro que sobra no fim do mês pode ser direcionado para as parcelas do financiamento do sistema, por exemplo. “A taxa de retorno tem sido atrativa, em média, de quatro a sete anos, com 18 a 21 anos de geração própria, devido a vida útil das placas solares, que gira em torno de 25 anos”, afirma Motoki.
Redução de custos
Além de produzir a energia, é possível enviar a carga para a rede local para usar depois ou ainda ser recompensado pelo extra. O sistema de compensação de energia elétrica, criado pela Aneel, autoriza a transformação do excedente em créditos, que podem ser trocados com a distribuidora local e reduzir o valor da fatura mensal.
Para que isso aconteça, medidores inteligentes bidirecionais fazem o balanço energético mensalmente. Eles medem o volume de energia, identificam quando o sistema não consegue atender à necessidade do usuário e calculam quanto é necessário usar do sistema tradicional. Assim, caso o consumidor receba mais eletricidade do que gerou, paga a diferença. Se gerar mais do que consome, ele terá, pela legislação, até 60 meses para descontar da tarifa de energia elétrica.
Outra opção é ter vantagens na fatura de outro local que esteja na área de atendimento da distribuidora. Por exemplo, é possível gerar a energia na matriz e usar o excedente na filial. Além disso, dá para usar a eletricidade da concessionária enquanto o sistema produz e envia sua energia direto para a rede. Nesse caso, a empresa pode calcular a variação do custo da energia para usar o que vem da rede ao longo do dia e, nos horários de picos, quando a tarifa é mais cara, consumir a eletricidade gerada pelas placas fotovoltaicas.
Energia limpa e sustentável
Além da vantagem financeira, a produção de energia solar ajuda a reduzir a construção de usinas térmicas e nucleares, que também causam danos ao meio ambiente. “São projetos que emitem gás de efeito estufa pela queima de combustível fóssil. No caso de nucleares, oferecem risco às pessoas e sérios problemas ambientais devido ao armazenamento do lixo atômico”, afirma Motoki.
“Se todos optassem por sua própria geração, não haveria mais a necessidade de inundar regiões por hidrelétricas, que trazem sérios problemas socioambientais às populações ribeirinhas”, complementa. Investir na produção de energia solar é, portanto, uma forma de ajudar no desenvolvimento sustentável, não apenas entre os clientes e funcionários, mas em todo o país.
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