O cinema tem muito a contar sobre a história das nações. E é justamente por meio das telas que o espectador terá a chance de se aproximar dos países que compõem o BRICS – além do Brasil, a África do Sul, a China, a Índia e a Rússia também compõem o bloco político e comercial. Começa nesta quarta-feira (2) a mostra competitiva do 4º Festival de Cinema do BRICS. A cerimônia de abertura será realizada às 19h no Cine Art da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói (RJ), apenas para convidados. Com apoio de R$ 2 milhões do Ministério da Cidadania, por meio da Secretaria do Audiovisual, a mostra é organizada pela UFF e oferece atividades gratuitas a toda a população.
Segundo o secretário do Audiovisual, Ricardo Rihan, além da exibição de filmes e da premiação para os participantes da mostra competitiva, os festivais também têm sido uma via para estreitar as relações entre os países-membros do bloco e estimular acordos de coprodução internacional. “Rússia, Índia, China e África do Sul, junto com o Brasil, somam as maiores bilheterias de cinema e o maior número de filmes e programas de televisão produzidos em todo o mundo. São mercados importantíssimos em todas as áreas da economia, e não poderia deixar de ser no audiovisual. E é por isso que este evento é tão importante e já chega a sua 4ª edição”, destaca Rihan.
O Festival de Cinema se tornou um dos principais eventos culturais do BRICS. Desde a primeira edição, organizada em 2016, em Nova Deli, na Índia, a mostra reúne produções dos cinco países, coproduções e projetos criados especialmente para os eventos. A 4º edição terá quatro mostras principais: Filmes de Escola, Mostra Contemporânea (competitiva), Mostra Clássicos BRICS e a Mostra de Animação. Para a Mostra Competitiva, a ideia foi selecionar obras de cineastas com até três longas-metragens, ou seja, ainda em início de carreira, para garantir a exibição do que de mais novo esteja sendo produzido em cada país.
Segundo o curador Reinaldo Cardenuto, o processo de escolha destes filmes foi elaborado, pois houve duas seleções. Primeiramente, foi feita uma pré-seleção de quatro a cinco filmes, organizada por autoridades de cultura de cada país. A curadoria final, sob a responsabilidade de Cardenuto, definiu as 10 obras que integram a Mostra Competitiva. Os filmes concorrem a dois prêmios: de melhor filme escolhido pelo júri do Festival, composto por cinco especialistas de cinema – um de cada País –, e de melhor filme escolhido pelo público. Durante as sessões, cada pessoa da plateia receberá uma ficha onde poderá opinar sobre as obras que assistir. No final da mostra, serão computadas as avaliações e o filme com maior pontuação será o vencedor.
Destaques da mostra
Dentre os destaques da programação, Cardenuto sublinha “The Lord Eagle”, do diretor russo Toyon kyyl. O filme retrata a interação entre um casal de idosos com uma águia, história contada a partir de uma linguagem experimental e inovadora. Ele também chama a atenção para os dois documentários da mostra: “When Babies don’t Come”, do sul-africano Molatelo Mainetje, e “Filhos de Macunaíma”, de Miguel Antunes Ramos. O primeiro narra a vida de uma mulher com problemas de fertilidade, as cobranças para que seja mãe e, ao mesmo tempo, as pressões para não buscar métodos “artificiais” de concepção. O segundo, a tensão de famílias indígenas e como buscam se inserir na sociedade contemporânea, mantendo suas tradições.
Segundo o curador, ainda que as histórias documentais sejam diferentes, ambas as obras retratam, a seu modo, a tensão entre a tradição e a contemporaneidade. “Inesperadamente, este tema tradição versus modernidade aparece em dois filmes de países muito distintos, dentro do Festival do BRICS. Isto nos documentários, agora, se a gente pegar as ficções, a gente percebe outras correlações, por exemplo, tem uma safra de filmes falando sobre as dificuldades dos relacionamentos amorosos no mundo contemporâneo”, explica Cardenuto.
Outro destaque são as atividades paralelas oferecidas pelo Festival. Aulas sobre a história do cinema em cada um dos cinco países estão sendo ministradas desde a semana passada, por especialistas locais, em seu idioma de origem, com tradução simultânea. Uma oportunidade única de aprender sobre o cinema destes países, que não é tão destacado mundialmente, com especialistas dos próprios países, observou Cardenuto. Além das aulas, o festival também organizou outras atividades, como a Exposição de Equipamentos Cinematográficos Históricos, a partir do acervo do Museu de Cinema; uma incubadora de projetos audiovisuais; o Encontro de Preservação Audiovisual; e o BRICS Fórum de Negócios, organizado em parceria com a Prefeitura de Niterói.
Brasil e o BRICS
Em 2019, o Brasil assumiu a presidência rotativa do bloco e a responsabilidade de organizar a 11ª Cúpula de Chefes de Estado, além de uma extensa agenda de atividades paralelas, que abrange 29 áreas, além da cultura. Esta é a terceira vez que o Brasil sedia a Cúpula, que já foi realizada em Brasília (DF), em 2010 (2ª Cúpula), e em Fortaleza (CE), em 2014 (6ª Cúpula). No ano passado, o encontro foi realizado na África do Sul. Além do 4º Festival de Cinema, a Bienal de Curitiba em sua 14ª edição homenageia os países do BRICS e se insere como um dos eventos na programação oficial.
Uma das intenções do bloco na área da cultura é aproximar os países para que possam ser criados mecanismos de cooperação a partir das sinergias nos setores da economia criativa e do audiovisual. Outro tema importante da agenda cultural do bloco é o Patrimônio Cultural. Por iniciativa brasileira, há a negociação de um acordo para prevenção ao tráfico de bens culturais, que prevê ações coordenadas de repressão, repatriação e controle.
Serviço
Mostra Competitiva do 4º Festival de Cinema do BRICS
Data: 2 a 9/10
Locais e horários de exibição: confira na programação do Festival
Assessoria de Comunicação
Ministério da Cidadania
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