Volkswagen: "Essa é uma situação nova. É assustador", diz CEO (Hendrik Schmidt/Getty Images)
A Volkswagen e outras montadoras alertaram para o risco de as tensões comerciais arrastarem a economia global para uma recessão, já que a disputa começa a afetar os consumidores.
A guerra tarifária EUA-China pesa sobre o Salão do Automóvel de Frankfurt esta semana, onde montadoras tentam atrair interesse para os novos modelos elétricos. A volatilidade geopolítica adiciona outra camada de incerteza sobre um setor que passa por uma transformação radical, com o fim anunciado da era dos motores de combustão.
“Chegamos a uma situação em que essa guerra comercial realmente está influenciando o humor dos clientes e pode realmente afetar a economia mundial”, disse o CEO da Volkswagen, Herbert Diess, em entrevista à Bloomberg TV. “A China é um mercado saudável, mas, por causa da guerra comercial, o mercado automotivo está basicamente em recessão. Então essa é uma situação nova. É assustador.”
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O nível de preocupação com o comércio global é quase 10 vezes maior do que os picos observados em décadas anteriores e pode reduzir em cerca de 0,75 ponto percentual o crescimento da economia global este ano, segundo dados compilados pelo Fundo Monetário Internacional. A indústria automobilística está particularmente exposta, por causa de sua rede global de montadoras e fornecedores de peças. A Daimler, por exemplo, fabrica muitos de seus SUVs da Mercedes-Benz no estado do Alabama e exporta os veículos para a China e outros mercados.
“O que acontecerá em 2020 dependerá muito do que acontecerá com EUA e China nas próximas semanas”, disse Nicolas Pete, diretor financeiro da BMW, em entrevista à Bloomberg TV no Salão do Automóvel de Frankfurt, a principal feira de automóveis da Alemanha. A fabricante alemã monta a maioria de seus utilitários esportivos na Carolina do Sul.
“Todo mundo é afetado pela crise do setor, todo mundo está sofrendo”, disse o presidente da Continental, Elmar Degenhart, em conversa com jornalistas na terça-feira em Frankfurt. A segunda maior fornecedora de autopeças da Europa planeja finalizar uma revisão de sua ampla rede de manufatura global até o fim deste ano e não descarta fechar fábricas ou fazer demissões como parte dos planos de reestruturação.
–Com a colaboração de Matthew Miller, Benedikt Kammel e Elisabeth Behrmann.