Em Portland, nos EUA, 34% das viagens de patinetes acontecem no lugar do uso de automóveis. G1 mostra como é andar com o veículo na cidade 'hipster', que tem 620 quilômetros de malha cicloviária. E quais desafios eles enfrentam. Moradores de Portand, nos EUA, trocam carros por patinetes elétricos De apenas um brinquedo esquecido no tempo, os patinetes se tornaram uma alternativa de meio de transportes em grandes cidades. Grandes cidades como Paris, Los Angeles, Berlim, São Paulo e Rio aderiram aos veículos elétricos compartilhados. Mas muitas questões ainda estão no caminho dos patinetes, e ainda não existem estudos profundos sobre seus benefícios ou eventuais malefícios. Com um jeitão "hipster", Portland, na costa oeste dos Estados Unidos, funciona como um laboratório para dar alguma luz ao caso e mostra que os patinetes estão substituindo os carros em várias viagens. VÍDEO: 10 dicas para andar de patinete O lugar é conhecido por incentivar transportes alternativos e ser amigável ao uso de bicicletas. Portland lidera o ranking americano entre as cidades que mais utilizam esses veículos como meio de transporte, e não apenas lazer. Números de 2017 mostram que 6,3% da população usa as "bikes" para ir e vir. Para isso, a cidade tem uma malha cicloviária de 620 quilômetros, que reúne ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas. São Paulo, que também ganha cada vez mais bicicletas e patinetes como alternativa de transporte, tem 498 km. Trocando carros por patinetes Portland se antecipou à chegada das operadoras de patinetes e criou um programa piloto. Com uma autorização temporária em sua primeira fase, o projeto foi de 23 de julho a 30 de novembro, liberando as empresas a colocarem nas ruas 2.043 patinetes. Em contrapartida, a cidade exige que as empresas passem informações sobre os deslocamentos para o departamento de trânsito, além de promover seu uso em pontos não centrais da cidade. Cada operadora tem que espalhar todo dia parte de sua frota em pontos mais periféricos, não apenas no centro. Relatório aponta que patinetes estão substituindo carros em Portland, nos Estados Unidos Rafael Miotto/G1 No período da primeira fase do programa foram realizadas 700 mil viagens de patinetes na cidade, com mais de 1,2 milhão de quilômetros percorridos. O levantamento apontou que 34% dos moradores da cidade que utilizaram patinetes o fizeram em substituição ao carro. No caso dos visitantes, o número é ainda maior com 48% deixando de usar um automóvel. "É um número substancial. Muitas dessas viagens poderiam ser em carros, mais tráfego e potencialmente mais poluição", explica Dylan Rivera, da autoridade de trânsito da cidade. No momento, Portland está na segunda fase de seu projeto piloto, que agora é maior e vai até 2019. "Isso mostra que os patinetes podem ser parte do futuro do transporte em Portland", afirma Rivera. Localização de Portland Arte G1 Portadores de deficiência reclamam Mesmo com uma estrutura viária mais preparadas para os patinetes, Portland também enfrenta eventuais problemas e reclamações sobre seu uso, apesar de 63% de seus cidadães verem os pequenos veículos de 2 rodas de forma positiva. Com calçadas largas e bem pavimentadas, a cidade é considerada uma das melhores para andar a pé nos Estados Unidos. Isso faz com que muitos deficientes físicos possam rodar sozinhos com cadeiras de rodas e andadores, e os patinetes estão, de certa forma, roubando este espaço. Apesar ser proibido, muitos usuários rodam de patinete nas calçadas ou simplesmente os estacionam bloqueando o percurso das pessoas. Mesmo com proibição e multas, alguns usuários ainda usam patinetes nas calçadas de Portland. Rafael Miotto/G1 "Nós acreditamos que todos devem ser capazes de se mover com segurança pelas calçadas de nosso estado, livremente, e sem medo de ser ferido", disse a associação dos direitos de deficientes do Oregon, em comunicado. A entidade também reclama do modo atual de relatar reclamações sobre os patinetes. Na primeira fase, as queixas iam direto para o departamento de trânsito, mas agora, elas vão primeiro para as empresas, que depois as repassam para o governo. Patinetes são proibidos de rodar em praças, parques e calçadas em Portland, nos Estados Unidos Rafael Miotto/G1 Dylan Rivera, do departamento de trânsito. aponta que a mudança foi feita para tornar o sistema mais eficaz, já que as empresas podem resolver diretamente o problema e em horários não comerciais. "As reclamações que recebíamos nos finais de semana só eram checadas na segunda", explica Rivera. Casos de vandalismo contra os patinetes também ocorreram em Portland. A polícia do condado da Multnomah, onde fica Portland, recolheu o total de 57 patinetes e bicicletas compartilhadas do fundo do rio Willamete, que corta a cidade. Polícia retirou 57 patinetes e bicicletas compartilhadas do rio Willamette Multnomah Co Sheriff/Divulgação Regras mais rígidas Com base nas reclamações feita na primeira fase do programa, a cidade tomou medidas mais rígidas e multas começaram a ser aplicadas nesta segunda etapa. É cobrado US$ 15 para quem estacionar de maneira errada e US$ 50 por rodar em calçadas. De acordo com o órgão de trânsito da cidade, o total de 340 multas e advertências foram registradas entre 26 de abril e 31 de julho. No Brasil, São Paulo definiu um sistema semelhantes de multas em sua regulamentação para patinetes. O G1 contatou a prefeitura local, mas os dados sobre quantas penalidades foram aplicadas ainda não foram divulgados. Patinetes são perigosos? Casos fatais de acidentes com patinetes já foram registrados pelo mundo. Em Paris, um homem de 25 anos morreu ao se chocar com um caminhão, e no Reino Unido a youtuber Emily Hartridge morreu em acidente parecido. Em Atlanta, nos EUA, 4 mortes de usuários foram registradas desde maio, o que fez a cidade proibir os veículos de rodarem pela noite. Mas os patinetes são realmente perigosos? Patinetes rodando em Portland, nos Estados Unidos Rafael Miotto/G1 Até o momento, nenhum acidente fatal aconteceu com usuários de patinetes em Portland. O departamento de saúde do condado de Multmonah registrou o total de 176 feridos relacionados ao uso de patinetes, entre 25 de julho e 20 de novembro de 2018, sem casos graves. Do total, 83% foram casos em que o usuário caiu sozinho e o restante estava relacionado a um entrevero com carros, caminhões, pedestres e outros patinetes. No período, isso representou 5% dos ferimentos de trânsito. Apesar de o número de ferimentos relacionado a patinetes ter crescido com a popularização de seu uso, nenhum caso foi severo o suficiente para necessitar de transporte de emergência. Vai dar rolê de patinete? Veja dicas: Patinete elétrico: saiba como andar Initial plugin text