Uma das novas frentes de crescimento do mercado tabagista está nos cigarros eletrônicos e nos vaporizadores (grinvalds/Thinkstock)
Nada como uma fusão para dar nova sobrevida a duas companhias que perdem mercado dia após dia e que veem o avanço de startups com produtos moderninhos. Este foi o racional por trás da união de duas das maiores fabricantes de cigarros do planeta, a Altria e a Philip Morris, cuja negociação para fusão foi revelada nesta terça-feira. Mas a quarta-feira pode trazer uma reviravolta para o negócio que criaria um gigante de 200 bilhões de dólares
Segundo o jornal Financial Times, investidores estão preocupados com barreiras regulatórias à união nos Estados Unidos. A principal barreira seria com a marca Marlboro, fabricada pela Philip Morris, mas distribuída nos EUA pela Altria. Preocupação com a regulação foi a principal alegação para as duas empresas separarem seus negócios, dez anos atrás, e volta à mesa agora.
Veja também
- NEGÓCIOSMultinacionais tabagistas miram novo modelo de negócio no Brasilquery_builder 28 ago 2019 – 05h08
Além disso, segundo o FT, investidores da Altria estão insatisfeitos com os termos do acordo que daria à Philip Morris quase 60% da nova empresa. E investidores da Philip Morris acreditam que uma fusão, embora traga ganhos de escala, pode dificultar ainda mais as frágeis perpectivas de crescimento da companhia. Juntas, as duas empresas, listadas em Nova York, perderam 13 bilhões de dólares de valor de mercado ontem.
Assim como em outros mercados de bens de consumo ligados ao século 21, as fabricantes de cigarro estão se unindo para cortar custos e sobreviver às mudanças de perfil de consumo. Mas, no seu caso, há dúvidas se a união é suficiente para superar a avalanche de restrições ao consumo, de aumento de impostos e de queda no consumo. O contrabando é outro inimigo — cerca de 48% do cigarro consumido no Brasil é contrabandeado. Dois anos atrás, a British American Tobacco comprou a Reynolds American por 49 bilhões de dólares.
Uma das novas frentes de crescimento está nos cigarros eletrônicos e nos vaporizadores. A Altria é dona de 35% de uma das mais promissoras empresas deste nicho, a Juul. A Philip Morris é dona da Iqos, que aquece o tabaco, em vez de queimá-lo. Mas este mercado também vem sendo alvo de um crescente escrutínio de reguladores sobretudo nos Estados Unidos, onde há um intenso debate sobre os possíveis danos à saúde que os “pen drives” possam causar.
O mercado de cigarros eletrônicos deve crescer mais de 20% ao ano e faturar 86 bilhões de dólares em 2025, segundo a consultoria BIS Research. Mas a quantidade de pedras no caminho pode fazer com que as gigantescas fabricantes de cigarro tenham dificuldade de abocanhá-lo sozinhas.