Especialistas ouvidos pelo G1 cravam que conhecer a Rota dos Vinhos no final do verão pode ser melhor que no inverno; tábua de marés e chuvas também são fatores para se levar em conta antes de fazer as malas. Jijoca de Jericoacoara é conhecida pela atração litorânea ofereciada pela Praia de Jericoacoara, que atrai turistas do Brasil e do mundo. Divulgação Jericoacoara com os ventos de julho? Bento Gonçalves sob o sol de fevereiro? Olhar o calendário de forma mais estratégica e menos óbvia, levando em consideração fatores climáticos e culturais, pode fazer sua viagem mais rentável, com experiências mais completas e menos imprevistos. Por outro lado, dependendo do seu destino, não tem para onde correr: a alta temporada é a melhor decisão, então, é preciso analisar caso a caso. É o que dizem especialistas em turismo ouvidos pelo G1, diante dos destinos mais em alta do cenário nacional. Para quem tem em mente o Sul, por exemplo, há um horizonte maior do que os meses de frio, a alta temporada na região. Principalmente para as cidades que compõem a rota do vinho, como Bento Gonçalves e Garibaldi. Coordenadora do mestrado e doutorado em hospitalidade do curso de turismo da Universidade Anhembi Morumbi (SP), Elizabeth Wada explica que fevereiro e março devem entrar no radar do turista. “Logicamente que quem quer ver o Natal Luz de Gramado, com aqueles desfiles temáticos, precisa ir para o Sul no calendário de shows e carros alegóricos, em dezembro. Mas o final do verão pode ser uma boa na Rota dos Vinhos, justamente porque é quando o turista consegue assistir à colheita, passando pela produção, até consumir a bebida. Fora desse período, ele passa pelas vinícolas, faz degustação, mas não tem a experiência completa da época da colheita. Além disso, é bom pensar num roteiro complementar, já que é possível fazer a Rota dos Vinhos, juntamente com Gramado e Canela, numa viagem só”, ensina. Veja qual é a melhor época para viajar para os destinos em alta no Brasil Arte: Guilherme Luiz Pinheiro O final do verão também traz dois trunfos: o fluxo menor de turistas e a vantagem de que atrações invernais – como o parque de neve para esqui Snowland, o parque de miniaturas Mini Mundo e a Vila do Papai Noel – funcionam o ano todo. Wada salienta, no entanto, que seguir o calendário tradicional pode ser a melhor opção quando o destino é o frio de Campos do Jordão, na Serra da Mantiqueira, a 184 km da capital paulista. “O Festival de Inverno, entre junho e julho, de fato na alta temporada, reforça toda a vocação turística e hoteleira da cidade, sobretudo para quem gosta de música clássica. Com a vantagem de que o acesso rodoviário facilita a ida de quem mora em cidades vizinhas ou só quer passar um dia na cidade e almoçar”, diz. Bondinho é opção de turismo em Campos do Jordão Cássia Soares de Siqueira/ Arquivo Pessoal Já para as praias do Nordeste, o fator clima, de fato, fala mais alto. Professora de planejamento do turismo da Unesp, Renata Maria Ribeiro lembra que, no verão, por questões climáticas, o mar é mais translúcido – como nas fotos que servem de chamariz para o turismo local e fazem dos meses de dezembro e janeiro os mais bombados. “No inverno, esse efeito do mar só é alcançado com a sorte da maré baixa – que também precisa se fazer presente para os passeios nas piscinas naturais de Maragogi, no litoral norte de Alagoas e a 125 km de Maceió. Nas praias de Porto Seguro, na Bahia, como Caraíva, as chuvas invernais ou do fim do verão podem dificultar a chegada do turista, principalmente se ele fizer o percurso de carro, por conta da condição que fica a estrada”, adverte. “A instabilidade climática fora do verão, com chuvas e ventos fortes, às vezes impossibilita alguns passeios, como os de corais (em Trancoso fica o Parque Marinho Recife de Fora, que depende das condições do mar e da maré, e nem sempre está disponível)”, acrescenta. O Chapadão é uma conhecida falésia da Praia de Pipa, no litoral Sul potiguar Divulgação Ribeiro, no entanto, faz um mea culpa com o inverno e outono: “As temperaturas ficam mais amenas, há turistas que preferem, e que ainda assim são propícias para curtir o Santuário Ecológico de Pipa, em Tibau do Sul, no Rio Grande do Norte, e o parque aquático Beach Park, em Aquiraz, no Ceará”, exemplifica. Elizabeth Wada concorda que, de fato, vento e maré são problemáticos para os turistas do Nordeste: “O clima não vai mudar porque você está lá, certo? É preciso entender isso. Julho é uma ótima alternativa, porque é mais agradável para as pessoas do centro sul que não gostam de encarar aquele calor elevado. Além disso, os preços ficam mais acessíveis e o turista não se depara com aquelas jangadas lotadas”. Caraíva, distrito de Porto Seguro Divulgação/Secretaria de Turismo de Porto Seguro Já antes de ir ao Amazonas, lembra Renata Maria Ribeiro, é preciso entender que é uma região perto da Linha do Equador. “De junho a novembro, lá, é verão amazônico. É um contrafluxo, ao contrário do que temos no Nordeste. O destaque turístico na região é Alter do Chão, em Santarém, no Pará, à margem direita do Rio Tapajós. É uma praia de água doce, com água mais escura do que a salgada, mas com bancos de areia. No verão amazônico, a Ilha do Mar fica aparente e funciona como praia. Depois de novembro, começa o inverno amazônico, chove, o rio sobe e a praia desaparece”. Conhecido como Caribe da Amazônia, Alter do Chão une floresta e rio num só lugar