Ilha australiana, próxima de Melbourne, atrai jovens estudantes por conta da facilidade de visto e da qualidade de vida. Procura é maior para cursos de inglês e de ensino técnico-profissional. Intercambistas brasileiros veem na Tasmânia porta de entrada para imigração na Austrália Divulgação/Turismo Austrália O número de estudantes brasileiros que escolhem a Tasmânia como destino de intercâmbio na Austrália quintuplicou em quatro anos, de acordo com dados divulgados pelo governo australiano. Especialistas e estudantes ouvidos pelo G1 explicam que a região remota ajuda na concessão de vistos temporários de estudo e trabalho, que depois contam para um futuro pedido de residência fixa. Em 2016, eram apenas 33 brasileiros estudando nesta região. Neste ano, já são 171 matriculados. E o número parece aumentar após a criação do Acordo de Migração para Áreas Designadas (DAMA, na sigla em inglês), com o qual o país abre suas portas a trabalhadores estrangeiros qualificados. Estudantes brasileiros na Tasmânia O destino é um dos poucos países de língua inglesa que permite conciliar os estudos com o trabalho e as cidades mais concorridas são as costeiras Sydney e Melbourne; mas Hobart, a capital do estado da Tasmânia, é uma opção para quem busca a residência na "Austrália regional". A especialista em direito de imigração Ana Otto explicou ao G1 que a Tasmânia é um destino "mais fácil" para quem quer permanecer na Austrália de uma forma legal. Ela comenta que o perfil do estudante que vai à Tasmânia é sempre o mesmo: conhecem o país a partir dos grandes centros, onde fazem um curso de idiomas e, depois desta primeira ambientação, quem deseja continuar no país busca pelas regiões menos movimentadas. O processo de imigração para a Austrália é constituído a partir de uma pontuação dada a cada pessoa. O nível de escolaridade, o tipo de profissão e a experiência e a região em que se vive contam pontos a mais para o pedido e pode ser definitivo para a concessão deste tipo de permissão. "Morar na 'Austrália Regional' aumenta as chances de se conseguir um visto permanente. Ainda que do Brasil se possa entrar com o pedido, há uma pontuação maior para quem está aqui", explicou a especialista Ana Otto. Visto temporário de estudante na Tasmânia ajuda a chance de brasileiros conseguirem residência na Austrália Guilherme Luiz Pinheiro/G1 Brasil no top 5 O Brasil é o quarto país que mais manda estudantes para a Austrália. Neste ano, já são 27.077 matriculados em instituições de ensino do país. Entre 2016 e 2018, foram mais de 65 mil intercâmbios. Das cinco primeiras nacionalidades que mais enviaram estudantes para o país austral, responsável por 59% do total de intercambistas, o Brasil é o único não asiático. Austrália regional Ana Otto explica que, apesar de não chamar a atenção dos estudantes a princípio, é uma excelente opção para quem busca se fixar para quem passou por uma primeira experiência nos destinos mais concorridos. "A Tasmânia, apesar de não ser o destino inicial, é um estado muito bonito. É tudo organizado. Hobart é uma cidade grande e não é no meio do deserto como o Território Norte, que também é regional e tem este acordo da DAMA", disse. O estudante brasileiro Ícaro Pronsate foi para a Austrália estudar inglês, mas se apaixonou pelo país e resolveu seguir com um curso técnico em gastronomia para estender seu período por lá. Se mudou para a Tasmânia com sua esposa para cursar ensino superior em hotelaria. Ícaro Pronsate foi para a Austrália como estudante de línguas Arquivo Pessoal/Ícaro Pronsate "A nossa intenção é buscar a residência. Entre todas as regionais, a Tasmânia se destacou para nós por conta de oportunidade de emprego, e por ter uma natureza e um life style completamente diferente do que a gente já tinha vivido." Pronsate disse acreditar que Sydney, Melbourne e Brisbane deixaram de ser cidades interessantes para quem tem um plano migratório. Ele aposta em outras opções "fora do eixo", assim como a Tasmânia, para ter um aumento na procura, como Adelaide e Darwin. Londres, Tóquio e Melbourne são as melhores cidades para fazer intercâmbio, diz consultoria Estudar na Austrália Os brasileiros que escolhem a Austrália como destino para seus estudos procuram, em sua maioria, a profissionalização. Apenas neste ano, 63% dos intercambistas de instituições australianas se matricularam em cursos técnicos e no ensino superior. Roseli Menezes vive hoje em Hobart, mas sua primeira experiência com o país austral foi em 2015 quando entrou na faculdade em Sydney. Ela contou que decidiu se mudar para o estado insular após a sua graduação para "ter uma experiência regional". "Me mudei para entender mais a cultura Australiana, pois Sydney acolhe pessoas do mundo inteiro e pelo fato de ser multicultural, se perde um pouco a referência", disse. Estes são os cursos oferecidos pela Austrália: Higher Education, graduação e pós VET, escola técnica Schools, ensino fundamental e médio ELICOS, cursos de idiomas Non award, cursos livres Ir para ficar Gustavo Kautzmann é chefe de cozinha e conseguiu o visto permanente. Seu primeiro contato com o país da Oceania também foi com um curso de idiomas, mas na Tasmânia, onde vive com sua esposa, que é professora de educação infantil, garantiu a documentação que lhe garante a estabilidade e o direito de requerer em dois anos a nacionalidade australiana. Gustavo posa com sua esposa, Carolina Barbieri, no Freycinet National Park, destino turístico da Tasmânia Arquivo Pessoal/Gustavo Kautzmann "Eu escuto relatos de australianos da Tasmânia, que o estado está cada vez mais popular como destino para intercâmbio, principalmente àqueles que desejam morar aqui em definitivo", disse Gustavo. Uma das mais recentes moradoras da ilha, a brasileira Jenny Pompe chegou a Hobart em 4 de agosto. Antes, a estudante de magistério passou por uma temporada em Sydney, onde aprendeu inglês. Seus planos, assim como os de outros brasileiros, é conseguir na Tasmânia o visto regional. "Vim para cá especificamente para tentar o visto após me formar", disse. De acordo com o último censo australiano, em 2016 a Austrália tinha mais de 60 mil moradores de origem brasileira, número que pode aumentar por conta do DAMA.