JBS: ações da maior processadora de carne do mundo dobraram de valor em 2019 (Ueslei Marcelino/Reuters)
A China precisa comprar o que o Brasil está mais do que disposto a vender. Um mês após os produtores nacionais terem voltado a exportar carne bovina para a potência asiática, nesta sexta-feira, 19, autoridades sanitárias chinesas irão vistoriar frigoríficos brasileiros a fim de acelerar e aumentar o volume de importação de carne, bem cada vez mais disputado no país.
As exportações haviam sido interrompidas no início de junho após o registro de um caso atípico de vaca louca no estado do Mato Grosso,
Desde o ano passado, a China vem sacrificando boa parte de suas criações infectada com a chamada peste suína africana. Segundo uma estimativa recente feita pelo banco holandês Rabobank, até 200 milhões de porcos deverão morrer pela infecção ou ser abatidos. O número representa uma imensa parcela do total de animais criados no país, cerca de 360 milhões, de acordo o Rabobank.
Mais de 124 casos de peste suína já foram reportados à autoridades chinesas, que é acusada por membros da indústria de minimizar os danos reais da epidemia.
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O país é o maior produtor de carne suína do mundo, e especialistas projetam uma queda de até 30% em 2019, o que vem forçando o aumento da importação de diversos tipos de proteína. Para o produtor de carne bovina Pedro Merola, o futuro das criações do país é imprevisível.
Segundo o Ministério da Agricultura brasileiro, uma lista com pelo menos 30 frigoríficos nacionais já foi apresentada à China para que mais produtores possam ser autorizados a exportar carne bovina, suína e de frango.
A pressa chinesa para importar proteína é tanta que a vistoria que o país fará nesta sexta-feira será realizada através de uma videoconferência com autoridades sanitárias brasileiras.
No cenário de turbulência para o mercado de carne asiática, lucram produtores de outras partes do mundo. Aqui no Brasil, a fabricante JBS reportou um lucro líquido de 1,1 bilhão de reais no primeiro trimestre, mais que o dobro do registrado em igual período do ano anterior.
As ações da companhia dobraram de valor em 2019. A BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, valorizou 50%, mesmo em meio a renitente uma crise de gestão interna. Se os chineses comprarem ainda mais carne do Brasil, o bom momento das produtoras de carne do país deve continuar.