Em março, mais de 54.000 estabelecimentos virtuais fizeram transações com cartão de débito da bandeira Visa (Philippe Wojazer/Reuters)
São Paulo – O cliente costuma ouvir do atendente do supermercado e do caixa da padaria sempre a mesma pergunta “é no débito ou no crédito?”, enquanto abre a carteira para pegar um de seus cartões ou enquanto desbloqueia o celular, no caso do pagamento por aproximação. No entanto, quando a compra é feita pela internet, a história é bem diferente. Ainda são poucas lojas virtuais que permitem comprar no débito. Não à toa, 86% dos usuários pagam suas compras online com cartão de crédito, de acordo com pesquisa mais recente realizada pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) e pela Datafolha.
Mas por que essa discrepância entre o mundo físico e o virtual? A resposta tem a ver com segurança. É difícil comprovar que o cliente virtual é quem ele diz ser – e não uma fraude. Já no estabelecimento físico, o chip e a senha do cartão são importantes chancelas de autenticidade.
“O débito foi implementado no e-commerce cerca de nove anos atrás, mas não houve incentivo da indústria de meios de pagamentos nem dos estabelecimentos. O processo de autenticação era complexo e não se priorizou a experiência do consumidor. Com isso, o débito acabou não deslanchando”, afirma Ana Melo, diretora de produtos da Visa.
Aos poucos, no entanto, o e-commerce brasileiro vai se tornando mais includente. Um levantamento feito pela Visa Consulting & Analytics aponta que de junho de 2018 a junho de 2019 houve um aumento de 70% no número de lojas on-line que realizaram transações de débito com a bandeira Visa. Para se ter ideia desse total, somente em março, mais de 54.000 estabelecimentos virtuais aceitaram cartão de débito da bandeira.
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“O débito será uma alavanca para as compras on-line, pois muitas pessoas não possuem cartão de crédito ou têm limite muito baixo. Estamos falando de inclusão financeira e digital. Existe uma oportunidade enorme, um mar aberto a ser trabalhado”, afirma Melo.
O aplicativo de mobilidade urbana Cabify sabe bem disso, por isso está fechando parcerias com bancos para oferecer essa facilidade para seus clientes. Atualmente, correntistas do Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, além da cooperativa de crédito Sicredi e dos bancos virtuais Original e Inter já podem pagar as corridas no débito.
“É uma quebra de paradigma”, afirma Nicolas Scridelli, chefe de parcerias da startup Cabify no Brasil. “Fizemos o anúncio da aceitação do débito em junho e, desde então, temos recebido vários elogios na nossa central de atendimento de pessoas que sempre quiseram usar o aplicativo, mas não podiam por não terem cartão de crédito. Os benefícios também se estendem aos motoristas que têm um meio mais seguro para receber o dinheiro das corridas”, acrescenta.
Da mesma forma, a plataforma de varejo on-line Dafiti espera aumentar as vendas com a implementação da modalidade de pagamento. Segundo Rafael Carneiro, gerente de sênior de tesouraria e gestão antifraude da companhia, muitas pessoas emitem boletos, mas acabam se esquecendo de pagar. “Existe baixa conversão com boleto. Esperamos mudar isso com o débito, que é mais ágil e sem fricção”, diz.