As operações internacionais também estão em dificuldade, mas devem ser reestruturadas separadamente (Andrey Rudakov/Reuters)
Os dias das blusinhas baratas podem estar perto do fim. A Forever 21, varejista voltada ao público jovem, está buscando maneiras de financiar sua operação e evitar a falência. A companhia contratou uma consultoria de reestruturação para ajudá-la a negociar mudanças nas lojas e o levantamento de um novo empréstimo, segundo o Wall Street Journal. Para continuar operando, a empresa precisaria de 150 milhões de dólares.
De acordo com o jornal, o fundador, o sul-coreano Do Won Chang, usou um empréstimo recém tomado do JP Morgan Chase para cobrir as perdas da companhia, mas ficou sem caixa para comprar novos produtos e abastecer suas lojas.
As operações internacionais também estão em dificuldade, segundo a Bloomberg, mas devem ser reestruturadas separadamente. Em abril, a companhia anunciou que sairia do mercado chinês.
A varejista foi criada em 1984, pelo sul-coreano Do Won Chang, que juntou 11 mil dólares como lavador de pratos e frentista. A rede chegou a mais de 700 lojas pelo mundo, mas está sofrendo com quedas nas vendas depois de uma rápida expansão geográfica.
“A Forever 21, que divulga pouco sobre suas finanças, previu que as vendas subiriam 10% este ano, para US $ 4,7 bilhões”, escreve o Wall Street Journal. “Mas as pessoas familiarizadas com a empresa dizem que suas vendas e lucros diminuíram depois de anos de forte crescimento”.
A dívida soma mais de 500 milhões de dólares que vencem em 2022. A varejista vendeu sua sede em Los Angeles em fevereiro, por 166 milhões de dólares.
A chegada de novos concorrentes, como a H&M, Target e dezenas de varejistas online, pressionou a Forever 21 ainda mais. Com peças a preços muito baixos e de qualidade duvidosa, a marca se baseia em um consumo acelerado, com muitas compras anuais e um enorme desperdício. Concorrentes oferecem peças com uma qualidade ligeiramente maior por alguns dólares a mais.
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Reestruturação do varejo
A Latham & Watkins LLP deverá ajudar a Forever 21 a negociar os termos de aluguel com os proprietários de suas lojas, enquanto a Alvarez & Marshal deve reestruturar as operações da companhia.
A Forever 21 não é a única preocupação dos proprietários dos espaços das lojas. Com os fechamentos recentes do apocalipse financeiro nos Estados Unidos, há muitos espaços vagos.
Com o aumento do comércio eletrônico e menos idas às lojas físicas, diversas varejistas voltadas ao público jovem enfrentam riscos de falência, como Aéropostale, Rue21 e American Apparel.
O “Apocalipse do varejo” já levou ao fechamentos de quase 6 mil lojas nos Estados Unidos esse ano, mais do que as 5,8 mil lojas encerradas no ano passado. Abercrombie & Fitch, Victoria’s Secret, JCPenney e Gap anunciaram o fechamento de centenas de lojas esse ano.
Apesar do cenário devastador, é só o começo. Um relatório do UBS acredita que mais de 75 mil lojas devem fechar na América do Norte entre 2019 e 2026.
O principal vilão das lojas físicas, nos Estados Unidos, é o comércio eletrônico. No Brasil, as lojas físicas impulsionam as vendas online e vice-versa, principalmente a partir da modalidade clique e retire, de retirada na loja do produto comprado pela internet.
No entanto, nem todas as companhias passam pelo mesmo sufoco. A modalidade de fast fashion, com novas coleções constante e grande apelo de moda, continua forte. A rival da Forever 21, H&M, apresentou crescimento de 10% nas vendas no primeiro semestre do ano. A companhia não tem lojas no Brasil.