Além de riquezas naturais, o estado de Minas Gerais é conhecido por sua história – boa parte dela, enraizada ainda no período colonial. Esses elementos podem ser observados na cidade de Sabará, localizada na região metropolitana de Belo Horizonte. Ali, está instalado o Museu do Ouro. Criado em 23 de abril de 1945 pelo então presidente Getúlio Vargas, o museu foi inaugurado no dia 16 de maio de 1946 e é um dos poucos do País a possuir os três tipos de acervos: museológico, arquivístico e bibliográfico. Instituição pública federal administrada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), vinculado ao Ministério da Cidadania, o museu conta, muito além do ouro, com um acervo focado na questão da mineração. “As pessoas imaginam que vão chegar aqui e vão encontrar ouro, mas o museu é focado mais na questão do trabalho para a mineração, as questões sociais que perpassam esse trabalho da mineração em Minas Gerais e como isso influenciou o restante do país”, explica Paulo Nascimento, diretor do local.
O Museu do Ouro é instalado na antiga Casa de Intendência e Fundição do Ouro da Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará. O local funcionava como uma espécie de receita federal portuguesa para cobrar o imposto da Coroa de Portugal. “Era o fisco português, quando o Brasil ainda devia o Quinto para Portugal. Era nas casas de intendências que esse ouro era cunhado e que esse controle era feito para enviar esse Quinto, ou 20% do que era produzido aqui, em ouro para Portugal”, relata o diretor. “Essa casa de Intendência, até onde nós sabemos, é a única que ainda tem no Brasil”, destaca Paulo.
O acervo museológico começou a ser constituído em meados da década de 40 do século XX. Inicialmente, foram adquiridos, por meio de compras e doações de famílias tradicionais de Minas Gerais, objetos relacionados às tipologias de história e religião, sendo em sua maioria peças de mobiliário, armaria, porcelanas, artigos religiosos e objetos ligados à prática da mineração, datadas entre os séculos XVIII e XIX. “Eu vejo neste museu uma importância muito grande para a história do Brasil, para a história de Minas. O acervo que ele tem é extremamente importante, resgata essa história da mineração, da intendência propriamente dita”, esclarece José Arcanjo do Couto Bouzas, historiador sabarense. “Era por ali que se recolhia e se administrava a extração do ouro em toda essa região da comarca, que era imensa. E a criação do museu vem realmente resgatar a história de Sabará e de Minas para o resto do Brasil”, resume o historiador.
Arquivo histórico
O arquivo histórico documental do Museu do Ouro começou a ser constituído em meados da década de 50 do século XX e é composto de documentação cartorial originada, desde o início do século XVIII, nas Ouvidorias e Provedorias dos Cartórios do Primeiro e Segundo Ofícios da antiga comarca do Rio das Velhas, sediada na Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará. Com datas limites entre 1713 e 1974, esses registros estão disponíveis para pesquisa na Casa Borba Gato e se constituem em importante fonte de informações para aqueles que buscam entender o cotidiano da gente mineira desde a ocupação desse território.
As Cartas de Alforria, produzidas na Comarca do Rio das Velhas nos séculos XVIII e XIX, também presentes entre as obras que compõem o acervo histórico do Museu do Ouro, se constituem em instrumentos importantes para o estudo da história cultural e social do Brasil.
A biblioteca do Museu do Ouro, localizada na Casa Borba Gato, nas imediações do museu, contém um acervo que se originou da coleção particular de Lúcia Machado de Almeida, esposa do primeiro diretor do museu, Antônio Joaquim de Almeida. Tal coleção foi incorporada ao museu na sua fundação e, com o passar do tempo, foi aumentando, por meio de doações de particulares e de entidades tanto públicas quanto privadas. A biblioteca foi registrada em 1987 pelo extinto Instituto Nacional do Livro na categoria de biblioteca especializada.
O acervo da biblioteca conta atualmente com cerca de 3 mil títulos e abrange assuntos como aspectos históricos e culturais de Minas Gerais; colonização do Brasil; mineralogia; escravismo; patrimônio histórico e cultural; preservação e tombamento de monumentos históricos; arquitetura; arte sacra; artesanato; e numismática, entre outros.
Patrimônio material
O prédio, tombado como Patrimônio Nacional em 28 de junho de 1950, tem sua estrutura constituída por vigas de sustentação e armações do telhado em madeira; telhas coloniais em cerâmica; paredes em taipa de mão ou pau a pique, com revestimento em tijolos e massa de adobe e pintura em cal virgem, com acabamento em tinta a óleo nas estruturas das portas, janelas, sacadas e beirais.
Em maio deste ano, o Museu do Ouro completou 73 anos de portas abertas ao público. Como parte das comemorações, lançou o site institucional com acesso on-line ao acervo do museu, por meio da ferramenta Tainacan. Inicialmente, a plataforma disponibilizará 50 itens, mas a intenção é que muito em breve todo o acervo possa ser consultado on-line.
Serviço
O Museu do Ouro/Ibram fica na Rua da Intendência, s/nº, no Centro de Sabará, município da região metropolitana de Belo Horizonte (MG), e está aberto ao público de terça a sexta, das 10h às 17h; aos sábados e domingos, das 12h às 17h. Ingressos a R$ 1. Informações pelo e-mail: mdo@museus.gov.br ou pelo telefone (31) 3671-1848 ou (31) 3671-4099.
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