No corredor até os fundos de casa, num quintal aberto, Erick Cartaman Areco, de 27 anos, prova que o ateliê é improvisado, mas o que sai dali é digno de admiração. Apaixonado por guitarras desde a infância, hoje ele é o luthier e sobrevive do instrumento totalmente artesanal, que leva semanas para ficar pronto, mas ganha design único em suas mãos.
As guitarras em madeiras caras é um baita contraponto com alguns instrumentos que se vendem por aí, feitos até de MDF. Os modelos sob medida são vantajosos para quem tem o braço curtos ou cumprido, mãos grandes e ou pequenas. O preço é para quem não tem receio de colocar a mão no bolso e investir no instrumento que custa de R$ 1,8 mil a R$ 5 mil. Mas quem aposta nesse conjunto para casa, Erick garante satisfação.
“A guitarra bem-feita agrega na sua forma de tocar, na qualidade sonora. À medida que você vai tendo contato com uma boa guitarra você percebe que a sua primeira guitarra não é nada e com o tempo você sabe escolher o seu tipo de instrumento e deseja ter uma feita só para você”, explica.
Erick é daqueles que sabe o que vende. A convivência com a música desde os 12 anos, quando pegou pela primeira vez em um violão e passou a desejar tocar uma guitarra, fez com que ele soubesse de cabo a rabo fazer o próprio instrumento.
Ele lembra que tudo começou quando não tinha dinheiro para consertar a sua guitarra quebrada. “Eu trabalhava na marcenaria de um amigo, o Jessé, e a gente queria fazer uma guitarra, porque tínhamos máquinas para cortar e eu não tinha grana para mandar arrumar o meu instrumento. E uma guitarra mais básica no mercado custa no mínimo R$ 300,00”.
Foi então que Erick se viu encantado com o poder da madeira e percebeu que era possível aliar o trabalho artesanal com a música. “Conheci então alguns luthiers, fui estudar, buscar informação, ferramentas e a minha primeira guitarra eu fiz do zero, há cinco anos, na marcenaria do seu Elias”, recorda.
Hoje as madeiras que utiliza não são simples. Erick compra cortes pequenos de marcenarias na cidade ou também pela internet, como a “flamed maple”, uma das mais utilizadas na construção de instrumentos, mas com preço nas alturas. “Uma lâmina dela chega a custar R$ 600,00”, destaca. Mas há também madeiras como mogno, jacarandá da Bahia, roxinho, cedro rosa, imbuia e cerejeira. “Prefiro madeiras nobres porque isso agrega valor no produto e na qualidade sonora”.
O que diferencia a escolha da madeira, segundo Erick, é frequência sonora emitida pelo material. “A gente bate na madeira para saber as frequências que ela emite e assim vamos compondo a guitarra, procuro desenvolver captadores que vão ser melhores com essas madeiras e isso tem dado certo”.
Fonte: Campo Grande News