Campo Grande (MS) – Gratidão. Este foi o sentimento que esteve presente no fim da tarde desta quinta-feira (23.05) na abertura da exposição “Idara Duncan”, no Museu da Imagem e do Som. A grande incentivadora da arte de Mato Grosso do Sul foi homenageada por artistas, personalidades, funcionários da cultura no dia de seu aniversário.
O curador da exposição, o artista visual e produtor cultural Jonir Figueiredo, reuniu fotografias que foram resultado de 18 anos de convivência com Idara. “Um dia, almoçando com ela, trouxe cópias de fotos para ela. Daí veio a ideia de fazer a exposição. Estou muito feliz coma presença de tanta gente querida. A Idara é fora de série. É uma grande mecenas dos artistas, estimulou muita gente
A coordenadora do MIS, Marinete Pinheiro, disse se sentir privilegiada de estar à frente do museu, criado por Idara. “Sempre quando eu penso em você e em sua trajetória, só penso que ela merece uma salva de palmas. O Jonir passou dias trabalhando, se empenhando nesta exposição. Receba todo esse reconhecimento do museu, que é um espaço muito importante da difusão da arte e cultura sul-mato-grossenses”.
A homenageada da tarde disse que o MIS foi concebido para ser um espaço para o artista. “Era um sonho que nós tínhamos, tanta gente envolvida dando o sangue para acontecer. Os artistas teriam a chance de crescer cada vez mais, com um espaço permanente para todos eles, que estavam criando. Antes eram aquelas salas, cada exposição eu tinha que montar, arrumar tudo, era artesanal. Aí eu senti a necessidade de o artista ter um local para expor, para vender sua obra. Não tinha instalações adequadas, não tinha um espaço fixo que fosse a casa do artista. Hoje o MIS é um orgulho, uma honra, eu, eu me sinto da família. A cultura é a minha vida, é como se fossem meus parentes”.
Para a idealizadora do MIS e primeira secretária de Cultura de MS, a cultura no Estado “deu um salto incrível”. “Fico feliz que algumas pessoas que trabalharam comigo continuam na cultura, é muito importante para a comunidade, porque ela traduz a identidade de um povo, é o retrato de um povo. A cultura eleva o espírito das pessoas. Fico muito feliz de ver isso acontecendo”.
Idara disse que o poder público deve apoiar a cultura porque a arte é um grande motivo de promoção do país. “O Estado, as universidades, têm que dar apoio. Porque os jovens não têm como manifestar seu trabalho sem espaço aberto e pessoas sensíveis para dar apoio. Os artistas daqui também são grandes. E o marketing de uma cidade, de um país, é a sua arte”.
Falando em nome dos funcionários da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, a coordenadora da Biblioteca Estadual Dr. Isaias Paim, Eleuzina Crisanto de Lima, coletou depoimentos de funcionários mais antigos e demonstrou o lado humano da grande incentivadora da cultura de MS: “Ela pagava do salário dela as apresentações para que aquilo acontecesse no Centro Cultural. Ela dizia que tem que se administrar com o coração. Idara é realizadora de sonhos. Ela é sábia, conhecia todos os sonhos de quem trabalha aqui. Tenho todos os livros da professora na biblioteca. Tem artistas que a chamam de Maria do Céu na Terra.Que Deus conceda muito mais por tudo o que a senhora fez por nós”.
A gerente do Fundo de Investimentos Culturais (FIC), Solimar Alves de Almeida, que trabalhou com Idara na época em que esta foi coordenadora da Difusão Cultural, manifestou sua gratidão por ter criado a Lei Estadual de Incentivos Fiscais à Cultura, em 1998: “A gente deve muito a ela, que não mediu nenhum esforço para dar estrutura à cultura. Ela sempre incentivava projetos de várias áreas, alavancando a cultura de MS”.
A diretora-presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Mara Caseiro, não pôde comparecer à homenagem porque esteve nesta quinta-feira cumprindo agenda em Brasília, mas gravou uma mensagem com o assessor de Cultura, Zito Ferrari, e a gerente de Administração e Finanças, Madalena Rodrigues: “Estamos em Brasília mas não poderíamos deixar de homenageá-la nesta tarde. Por isto gravamos esta mensagem para você, que foi nossa primeira secretária de Cultura de Mato Grosso do Sul. Deixamos nesta oportunidade nosso carinho. Estamos tentando dar continuidade ao valoroso trabalho que você fez em Mato Grosso do Sul. Muito obrigada e parabéns pelo ícone que você representa para a cultura de MS”.
Muito emocionada, Idara manifestou sua felicidade em ter dedicado sua vida à cultura de MS. “Sempre trabalhei com a arte e a emoção, e hoje estou pura emoção. Eu nunca fiz nada sozinha. Era meu sonho me formar em Letras e meus seis filhos me ajudaram. Meu grande incentivo foi o amor que eles me deram. O que eu queria mesmo era trabalhar pela cultura do Estado. Não tínhamos espaço, não participávamos de festivais, estávamos praticamente na estaca zero. Não foi um trabalho, foi um prazer. Devo a vocês, aos integrantes do trade cultural do Estado, a grande alegria que eu tenho hoje. Não fiz algo pelos artistas, eles que fizeram por mim. Tive uma vida feliz. A arte eleva, faz com que nos sintamos integrados com o todo. O que eu fiz foi ser feliz. Meu trabalho era a minha vida, foi um presente de Deus para mim. Era carioca, agora sou sul-mato-grossense. Devo ao povo de Mato Grosso do Sul grande parte da minha felicidade. Aqui é minha praia, não é mais Ipanema”.
Idara, que integrou o Conselho Estadual de Cultura de MS ao longo de 16 anos e foi vice-presidente do Fórum Nacional de Secretários de Cultura, deixou um conselho aos artistas sul-mato-grossenses: “Acredite em si mesmo e nos órgãos públicos que apoiam a arte, não desistam, as oportunidades vêm na medida em que vocês persistem, vocês não podem ter vergonha de solicitar espaço”.
A exposição “Idara Duncan – diplomata da Cultura e Mãe Biológica do MIS de MS” fica em cartaz até 13 de junho, no Museu da Imagem e do Som. A entrada é franca. O horário de visitação é de segunda a sexta-feira das 7h30 às 17h30. O MIS fica no 3º andar do Memorial da Cultura e da Cidadania (avenida Fernando Corrêa da Costa, 559). Mais informações pelo telefone (67) 3316-9178.
Fonte: Fundação de Cultura de MS