A 1ª Rodada de Negócios de Artesanato no Alto Solimões, realizada pelo Sebrae e instituições parceiras no município de Benjamin Constant (a 1.120 quilômetros de Manaus), superou as expectativas quanto ao total de participantes indígenas e quanto ao volume de vendas.
Estimava-se a presença de 60 indígenas artesãos, mas o evento contou com mais de 120 indivíduos, a maioria da etnia ticuna, mas forte presença de matis, tariano, baniwa, morubo, mayoruna, dessana e korubo, todos habitantes da região da tríplice fronteira Brasil-Peru-Colômbia.
Com relação a negócios gerados, estimava-se cerca de R$ 160 mil em total de vendas. Mas de acordo com a coordenadora do evento, analista técnica do Sebrae no Amazonas, Lílian Simões, a Rodada de Negócios fechou o dia com mais de R$ 200 mil em vendas diretas, ou seja, no local do evento.
“Já antes do meio dia, eu já tinha vendido quase todas as minhas peças. Vendi mais de R$ 10 mil em poucas horas. Estou muito agradecia a este evento e agradecida pelo o que Sebrae tem feito por nós”, declara a artesã Rosa Chota D´Ávila, 52 anos, da etnia ticuna. Residente na comunidade indígena Bom Caminho, zona ribeirinha da cidade de Benjamins Constant, Rosa produz cestos e luminárias a partir de fibras naturais da floresta.
“Como se vê, o resultado foi além da nossa expectativa. E estamos falando de negócios imediatos. A Rodada de Negócios tem o objetivo não só de promover vendas na hora, mas fazer com que os indígenas façam contatos comerciais e se tornarem fornecedores permanentes de empresas do resto do Brasil”, reforça a analista.
Durante uma Rodada de Negócios, enfatiza a diretora-técnica do Sebrae no Amazonas, Adrianne Gonçalves, uma rede de fornecedores (ofertantes) em geral pequenos negócios ou empreendedores interagem com uma rede de demandantes (compradores) em geral médias e grandes empresas. No evento realizado pelo Sebrae, os indígenas artesãos atuaram como ofertantes e um grupo de 14 comerciantes levados pelo Sebrae atuaram como demandantes.
Esses empresários possuem empresas de comercialização de artesanato nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco e Alagoas. “Sem dúvida, está sendo uma experiência única para todos nós, ou seja, conhecer, de perto, a arte e a cultura dos povos indígenas. Muitas vezes vendemos as peças, mas não temos noção da rica cultura por trás de cada uma delas. Como comerciante, está sendo um excelente negócio; como brasileira, está sendo um grande aprendizado”, destaca Maria do Carmo Soares, proprietária da empresa Encanto do Tear, na cidade de Maceió (AL).
“Para nós, do Sebrae, este evento consiste numa importante etapa do projeto Brasil Original e ao mesmo tempo mostra a força do nosso artesanato, e que devemos, cada vez mais, apoiar este segmento tão rico em nossa terra. Pode ter certeza de que o trabalho do Sebrae não termina aqui. Ainda temos muito a fazer pelos indígenas que desejam trilhar o caminho do empreendedorismo”, finaliza a diretora-técnica do Sebrae no Amazonas, Adrianne Gonçalves.
O projeto Brasil Original é uma iniciativa do Sebrae em todo o Brasil e busca promover e fortalecer a cadeia produtiva do artesanato em todas as regiões. No Amazonas, cerca de 200 indígenas são beneficiados com as ações de apoio e capacitação do projeto.
A Rodada de Negócios do Artesanato do Alto Solimões contou com a parceria do Governo do Estado, por meio da secretaria de trabalho e emprego, Fundação Estadual Indígenas (FEI), Fundação Nacional do Índio (Funai) e prefeituras municipais.
Rodada de Negócio também acontece em Manaus
No dia 1º de abril, no Parque do Mindu é a vez dos artesãos indígenas do entorno de Manaus, de Novo Airão (a 195 quilômetros de Manaus) e Rio Preto da Eva (cerca de 79 quilômetros da capital) mostrarem suas produções aos empresários. Será a segunda edição da Rodada de Negócios do Artesanato, mas desta vez será realizada na capital.
Os 14 empresários que participaram da Rodada no Alto Solimões também deverão atuar como empresas demandantes, ou seja, compradores, no evento em Manaus.
Fonte: Sebrae