Há muito simbolismo no fato de a Estação Primeira de Mangueira ter sido eleita a campeã de 2019 no Carnaval do Rio de Janeiro. A vitória oficial de ontem somente confirmou o favoritismo popular, observado nas redes sociais e nos prêmios como o Estandarte de Ouro de melhor escola do Carnaval carioca de 2919, concedido pelo júri do Jornal “O Globo”.
Sob o viés político, essa vitória pode ser encarada como um grito de resistência do povo oprimido do Brasil – a população de negros, índios e pobres que vem sendo abafada, quando não foi literalmente massacrada, desde o descobrimento do país em 1500.
Do ponto de visto musical, o campeonato da Mangueira põe o samba no mais alto degrau do pódio. O samba-enredo da agremiação verde e rosa do Morro de Mangueira, História pra ninar gente grande (Tomaz Miranda, Deivid Domênico, Mama, Márcio Bola, Ronie Oliveira e Danilo Firmino), honra as tradições do gênero.
Esse samba se confirmou grande na avenida Marquês de Sapucaí no desfile instantaneamente histórico feito pela Mangueira já na madrugada de segunda-feira, 5 de março. Mas ele talvez tivesse se apequenado se não tivesse sido posto a serviço de um enredo do mesmo porte, igualmente antológico, criado pelo carnavalesco Leandro Vieira.
Já no segundo campeonato conquistado em apenas quatro Carnavais na Mangueira, escola na qual estreou no desfile vitorioso de 2016 que saudou a cantora Maria Bethânia, Leandro Vieira criou um enredo que propôs reflexão ao entronizar heróis escondidos pela história oficial do Brasil.
Parece fácil, mas é difícil aliar um grande samba – com melodia e ritmo em sintonia com a cadência clássica do samba-enredo – a um enredo igualmente grande.
Fonte: G1