Quando os raios de sol anunciarem a chegada do Sábado de Zé Pereira, um dos maiores símbolos do Carnaval pernambucano fará a festa de uma multidão de foliões… no Canadá. Inspirado no Galo da Madrugada, o bloco Galo na Neve reunirá 450 pessoas na cidade de Trois-Rivières, na província de Québec. E ele não é o único. Pelo menos outros 15 “filhotes” do Galo estão espalhados pelo Brasil e pelo mundo, carregando a herança do frevo e a tradição do maior bloco de rua do mundo.
O administrador Mariano Falangola se mudou para o Canadá em 2012 com a esposa Mariana Falangola. Frequentador do Galo da Madrugada desde os 11 anos, foi do Carnaval que o recifense sentiu mais falta quando deixou o Brasil. “Resolvemos eu, minha esposa e um casal de amigos pernambucanos começar o nosso bloco. No primeiro ano do Galo da Neve, em 2013, fomos apenas nós quatro. As pessoas achavam muito estranho a gente andando pela rua de bermuda, com -10ºC de temperatura”, lembra ele.
A festa ocorria na casa do administrador, sempre seguida de uma feijoada. Mas o bloco cresceu e logo foi necessário alugar um espaço maior. Ano passado, foram mais de 200 foliões. O crescimento do bloco chamou atenção até mesmo do prefeito de Trois-Rivières, que participou da edição de 2018. “Foi a forma que encontramos de estar perto da nossa cultura e levá-la para outras pessoas. A emoção é a mesma de estar no Galo da Madrugada”, conta.
Foi durante uma visita ao Canadá que o também recifense Afonso Agra conheceu o bloco. Há nove anos morando no Peru, ele teve a ideia de criar a própria agremiação, também inspirada no Galo da Madrugada. “Desde que saí do Brasil, tinha vontade de criar um bloco de Carnaval. Em 2016, quando conheci o Galo da Neve, isso aflorou mais. Este ano, vamos sair pela primeira vez”, conta. O Galo no Peru vai às ruas no dia 16 de março, com um estandarte fabricado em Pernambuco, conforme manda a tradição.
A tradição, aliás, já chegou a mais de dez estados brasileiros. Em Maceió, o Pinto da Madrugada, inspirado no bloco pernambucano, arrasta multidões há 20 anos. A expectativa é reunir 250 mil pessoas pelas ruas da capital alagoana na edição deste ano. “Os fundadores são todos alagoanos que brincavam no Galo da Madrugada. Nós nos inspiramos no Galo para resgatar o frevo no nosso estado”, conta um dos diretores do Pinto, Hermann Braga.
Fundado em 2004 pelos pernambucanos Marcos Maximiano, João Cysneiros, Silvino e Pedro Coronel, o Bloco Carnavalesco Galo de Manaus está em sua 16ª edição, sendo o maior bloco carnavalesco da Amazonas. O desfile será no dia 5 de março, a partir das 14h, no Sambódromo.
A 3,7 mil quilômetros do Recife, 30 mil pessoas são esperadas para curtir o Galo do Porto, segundo maior bloco de rua de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Fundado por um grupo de oito pernambucanos que vivem na cidade, o bloco foi às ruas pela primeira vez em 2010. “Fui criado no bairro da Boa Vista, então o Galo sempre fez parte da minha vida. Para mim, ele é a expressão máxima do Carnaval pernambucano. O Galo do Porto foi a nossa maneira de valorizar a nossa cultura. Temos um boneco gigante do galo e um estandarte feito em Olinda. A receptividade é ótima”, conta o administrador Eduardo Baltar.
Em Pirassununga (SP), o “filhote” do Galo é o Pinto do Meio-dia. Criado há 23 anos, o bloco, que já virou tradição, nasceu do amor de uma pernambucana pelo carnaval. “Quando eu cheguei aqui, não tinha nenhum bloco nos carnavais. Ao meio-dia, não tinha aberto ainda o carnaval, era mais tarde, e prometi, que como tinha o Galo da Madrugada lá em Recife, que é a minha terra, eu ia fazer aqui o Pinto do Meio-dia para homenagear o galo de lá e o pessoal daqui”, contou a fundadora Ana Bonfim.
O tradicional bloco de carnaval Galinho de Brasília, que resgata a cultura de Pernambuco há 27 anos, também é cria do Clube de Máscaras Galo da Madrugada. Nascido na Asa Sul, o bloquinho percorria as entrequadras residenciais até chegar ao Setor Bancário Sul – sempre no sábado de carnaval e, depois, na segunda. O bloco manter o costume de trazer passistas de Recife em todas as suas edições. “O Galinho é um bloco que trabalha com o frevo, que é patrimônio cultural e imaterial da humanidade. A gente não se preocupa com o tamanho do bloco, mas em manter qualidade e mostrar a cultura nordestina”, disse o fundador do bloco, Romildo de Carvalho Júnior.
Em Maceió (AL), o Pinto da Madrugada nasceu em 1999, pelas mãos de quatro amigos que tinham em comum a paixão pelo frevo. Hoje, é o maior bloco de pré-carnaval do estado de Alagoas. O primeiro desfile do Pinto contou com uma orquestra e 5 mil foliões. A partir daí, ele virou tradição, saindo sempre no último sábado antes do carnaval. Em 2011, se tornou Patrimônio Imaterial da Cultura Alagoana.
“Sempre existem grupos de pernambucanos ou pessoas ligadas ao Galo que formam blocos no Brasil e no exterior. Chamamos de blocos irmãos. Com alguns, temos mais contato, com outros menos. Trocamos experiências e chegamos a homenageá-los ano passado, nos 40 anos do Galo, com uma alegoria”, conta Rômulo Menezes, presidente do Galo da Madrugada.
Galo da Madrugada 2019
Inspirado no tema Frevo Mulher, o 42° desfile do Galo da Madrugada homenageia as mulheres. O desfile começa às 9h e segue até as 18h30 do Sábado de Zé Pereira. Rômulo Menezes conta que o tema foi escolhido como uma forma de agradecimento a todas as mulheres que já ajudaram no desfile. “O número de mulheres que compõe o Galo é muito grande, mas isso nunca foi destacado, e nada melhor do que reconhecer a importância delas por meio de uma homenagem com o Frevo Mulher”, afirmou.
A festa, que começa com a anunciação dos clarins e trombetas, terá nos carros alegóricos a presença feminina da cantora e compositora Amelinha, da atriz Fabiana Karla, da cantora, dançarina e compositora Lia de Itamaracá, da pentatleta Yane Marques e da foliã mais antiga do Galo, Léa Lucas. O desfile conta com apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com captação de R$ 987 mil.
Assessoria de Comunicação
Escritório Regional Nordeste
Ministério da Cidadania