Em um recipiente de vidro, guardado com extremo cuidado na Igreja de Nossa Senhora da Lapa, na cidade portuguesa do Porto, repousa, desde 1837, o coração de Dom Pedro I, ou Dom Pedro IV, para os portugueses. Antes de morrer, o primeiro imperador do Brasil deixou em testamento a intenção de que seu coração ficasse no Porto, com o qual tinha intensa relação, pois lá viveu durante os 13 meses (de julho de 1832 a agosto de 1833) em que a cidade foi sitiada em uma disputa de poder entre ele e seu irmão Dom Miguel I durante as chamadas Guerras Liberais (1828-1834).
De três em três anos, a Prefeitura do Porto realiza a troca do líquido – uma solução mista de formol – usado para a conservação do coração. Seria quase possível dizer que o órgão está guardado a sete chaves, mas na verdade são necessárias cinco delas para acessar o recipiente onde o coração está. A primeira é usada para retirar a placa de metal cravada na porta do monumento, a segunda e a terceira abrem a rede por trás da placa, a quarta abre uma urna e a quinta, uma caixa de madeira, onde há uma espécie de guarda-joias de prata que guarda o recipiente de vidro com o coração. Para garantir o máximo de cuidado com o órgão, seis pessoas participam do procedimento.
Este tema inusitado e praticamente desconhecido pelos brasileiros será tratado em edição da Revista do Grupo de Trabalho do Bicentenário da Independência do Brasil, publicada pelo Ministério das Relações Exteriores. Em viagem a Portugal na última semana, o secretário Especial da Cultura do Ministério da Cidadania, Henrique Pires, convidou o presidente da Câmara Municipal do Porto e prefeito da cidade, Rui Moreira, a escrever um artigo sobre o assunto.
“Pouca gente sabe que o coração de Dom Pedro I é preservado em um recipiente na cidade do Porto, o que é extraordinário. Ele é muito cultuado na cidade, há inclusive uma estátua pra ele. É um tema de fato muito interessante, por isso convidei o prefeito – e ele aceitou – a redigir um texto sobre essa história. É importante que os brasileiros saibam que quem proclamou a Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822 tem seu coração preservado na cidade do Porto, em uma urna cercada de muita veneração na cidade”, destaca o secretário Henrique Pires.
Independência ou morte
Apesar de o coração de Dom Pedro I estar no Porto, em 1972, durante as comemorações dos 150 anos da Independência, os restos mortais do imperador foram transferidos para o Brasil, onde estão até hoje, no bairro do Ipiranga, em São Paulo, a poucos metros do riacho onde o monarca proclamou a independência brasileira do então Reino de Portugal.
Assessoria de Comunicação
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Ministério da Cidadania