Há sete anos, Élida Simony Silva de Sena, de Ceará-Mirim (RN), teve uma trombose e ouviu do médico que teria dificuldade em andar e que nunca poderia ser mãe. Sua realidade mudou quando conheceu o Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) e começou a praticar exercícios por meio do Projeto Viver Bem. “As atividades físicas mudaram muito a minha vida. As dores foram embora. E, ao contrário do que diziam os médicos, consegui engravidar e, graças a Deus, está aqui a Eloah, minha filha, com muita saúde”, comemora.
Assim como aconteceu com Élida, os CEUs estão transformando a realidade e garantindo cidadania a moradores de mais de 180 comunidades carentes distribuídas por todo o Brasil. Pesquisa realizada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) de fevereiro a novembro de 2018 mostra melhorias em indicadores educacionais, de segurança pública e de saúde em comunidades onde já foram inaugurados CEUs. Depoimentos de frequentadores e dirigentes dos centros também revelam aumento da qualidade de vida, aperfeiçoamento da infraestrutura local e mais oportunidades para as regiões atendidas e seus habitantes.
Segundo a pesquisa da UFPE, as escolas localizadas próximas aos CEUs registraram redução média de 16% na taxa de evasão escolar no Ensino Fundamental e de 15% no Ensino Médio e as comunidades onde estão os centros tiveram queda de 8% nas chances de homicídios. Além disso, os CEUs contribuíram para a redução de 1,3 ponto percentual nas internações por hipertensão e infarto.
A pesquisa da UFPE foi feita com base em informações de diversas bases de dados nacionais, como as do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), comparando, por exemplo, municípios com perfis semelhantes e o que mudou desde a entrada dos CEUs nessas localidades. Também foram entrevistados gestores dos CEUs inaugurados. Em uma segunda etapa, serão divulgados indicadores sobre o efeito dos CEUS na inserção dos moradores das regiões atendidas no mercado formal de trabalho e retornos salariais e os reflexos nos indicadores de bem-estar social, como iluminação pública, e crescimento econômico, entre outros.
Vitalidade
“O CEU é a casa acolhedora da família humilde. Mudou a qualidade de vida das pessoas da comunidade. Esta região, antes, era uma zona vermelha, um campo de prática de violência. Hoje, é um lugar onde as crianças vêm, jogam bola, frequentam a biblioteca, pegam gosto pela leitura. Ou seja, aprendem, praticam esporte e não ficam ociosos. O CEU é tudo na vida dessas comunidades”, destaca o coordenador do CEU de Ceará-Mirim (RN), Múcio Vicente de Oliveira.
Em Breves, na Ilha de Marajó (PA), uma antiga usina, onde tinha muita criminalidade e uso de drogas, deu lugar ao CEU. A mudança na comunidade foi radical. “O centro agregou valores muito importantes à nossa comunidade. Temos neste espaço projetos de saúde, vacinação, atividades culturais, como danças, e esportivas, como caratê, futebol, vôlei e handebol”, destaca Mário Vale, funcionário da prefeitura e frequentador do CEU. “Quando o Estado se faz presente, tudo melhora. Agora temos mais segurança, acesso a serviços sociais por meio do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). Até o comércio sentiu a diferença. Tem quiosque com lanche e os supermercados do entorno aumentaram as vendas”, completa.
Também moradora de Breves, a assistente social Marcela do Amaral Farias destaca que o CEU trouxe aos habitantes da cidade oportunidades antes inexistentes. “A gente percebe pessoas que não tinham oportunidade de ter acesso a uma sala de cinema, a uma quadra, a uma arena. E hoje a Praça CEU oferece isso”, afirma. “Muitos grupos culturais, antes sem espaço e sem visibilidade, hoje têm o CEU. A gente realmente precisava muito deste espaço”, ressalta.
O coordenador do CEU de Breves, Portuga Vieira, conta que o centro tem contribuído para a melhoria da saúde e da qualidade de vida dos frequentadores. “Temos pessoas aqui que não estão indo mais ao hospital porque estão praticando exercício. A pessoa vem, caminha, faz esporte, uma aula de dança”, exemplifica. “O CEU é um instrumento de transformação social. Antes havia muitos jovens jogados, no caminho do crime, e agora não mais”, conta.
Em Aparecida de Goiânia (GO), o CEU contribui para a melhoria da infraestrutura da região onde está localizado. “Depois da vinda do CEU, melhorou o comércio, várias lojas abriram em torno da praça. Vários comerciantes dizem que, sem o CEU, o comércio não teria vida”, conta o coordenador do Centro, Washington Arruda. “Até o transporte melhorou. Antes, praticamente não tinha transporte coletivo e agora tem uma linha rápida que passa por aqui e vai cruzando outros bairros. E as avenidas também foram ampliadas”, completa.
Professor voluntário de zumba, um exercício físico aeróbico baseado em movimentos de danças latinas, no CEU de Aparecida de Goiânia, Edson Ferreira conta que o Centro tem possibilitado que os moradores tenham contato, pela primeira vez, com algumas expressões artísticas. “Esta comunidade nunca tinha recebido um cinema. Esses dias a gente fez um festival de cinema ao ar livre. A maior parte das pessoas também nunca tinha assistido a uma peça teatral, e já foram encenadas três peças aqui no CEU. A cultura tem feito as pessoas mudarem os hábitos”, destaca.
CEUs
Construídos por meio de parceria entre o Ministério da Cidadania e prefeituras, os CEUs reúnem, em um só espaço, atividades culturais, esportivas, de lazer, de assistência social e de formação profissional, com foco em comunidades de alta vulnerabilidade econômica e social. Até o momento, foram inaugurados 186 Centros e está prevista a construção de outros 145, totalizando 331, localizados em todas as unidades da Federação. O programa prevê um investimento de R$ 816.794.780,62, sendo R$ 729.066.324,37 do Ministério da Cidadania e R$ 87.728.456,25 de contrapartida dos municípios.
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