O executivo Carlos Ghosn, que está preso no Japão (Patrícia de Melo Moreira/AFP)
A longa detenção de Carlos Ghosn no Japão, criticada no exterior, deve servir para “alterar” o sistema judicial japonês, disse nesta quarta-feira o novo advogado do executivo, reiterando a inocência do mesmo.
“Os promotores o mantém na prisão porque ele não confessa. Quero que as pessoas se perguntem se é apropriado, do ponto de vista das normas internacionais”, declarou Junichiro Hironaka, em sua primeira coletiva de imprensa em Tóquio.
“Como este caso se tornou internacional, acredito que é hora de alterar o sistema”, acrescentou.
A Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) e a organização japonesa Centro para os Direitos dos Presos denunciaram nesta quarta-feira as “graves falhas” do sistema judiciário japonês.
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Ghosn, cuja detenção em 19 de novembro abalou o mundo dos negócios, é acusado de ocultar parte de sua renda às autoridades do mercado de ações, totalizando 9,2 bilhões de ienes (74 milhões de euros), entre 2010 e 2018.
Ele também é acusado de quebra de confiança, crimes pelos quais pode ser condenado a até 15 anos de prisão.
Ghosn, de 64 anos, primeiro escolheu Motonari Otsuru, um ex-promotor, como advogado. Mas em face de sua atitude considerada passiva e da rejeição de seus pedidos de libertação, trocou na semana passada sua equipe de defesa.
“Os procedimentos para preparar o julgamento estão começando e deve ocorrer logo após o verão ou outono”, disse Hironaka.