O estilista alemão de alta costura Karl Lagerfeld, diretor artístico da Chanel e ícone da indústria global da moda há mais de meio século, morreu nesta terça-feira, 19, informou uma fonte da grife francesa Chanel, segundo a imprensa francesa. Ele tinha 85 anos.
A revista online de celebridades francesas Purepeople disse, na manhã desta terça, que Lagerfeld foi levado às pressas para um hospital em Neuilly-sur-Seine, nos arredores de Paris, na noite anterior.
O estado de saúde de Lagerfeld deteriorou-se muito nas últimas semanas, a ponto de ele não se apresentar ao final do desfile da Chanel, em janeiro, algo inédito desde sua chegada à casa, em 1983.
O estilista alemão Karl Lagerfeld. Gonzalo Fuentes/Reuters – 3/10/2017
Karl Lagerfeld desfrutava da estatura de um deus entre os mortais do mundo da moda, onde permaneceu no topo por mais de meio século e até a sua morte, numa idade que quase ninguém além de si mesmo conhecia com a precisão de hoje acredita-se que ele nasceu em 10 de setembro de 1933, em Hamburgo.
O estilista alemão era mais conhecido por sua associação com a francesa Chanel, que remonta a 1983. A marca, diz a lenda, corria o risco de se tornar a reserva de vovós endinheiradas antes de ele chegar, cortando as bainhas e acrescentando brilho aos ternos fofos do que é agora uma das casas de costura mais valiosas do mundo.
Mas Lagerfeld, que ao mesmo tempo produzia coleções para a Fendi da LVMH e a marca que leva seu nome – um feito inédito na moda -, era quase uma marca por si só. Trajes escuros esportivos, cabelos brancos, rabo-de-cavalo e óculos escuros nos últimos anos que o tornaram instantaneamente reconhecível, um humor irreverente também fazia parte de uma persona cuidadosamente elaborada.
“Sou como uma caricatura de mim mesmo e gosto disso”, dizia, uma citação lendária atribuída a ele, e muitas vezes reciclada para transmitir a pessoa que ele gostava de interpretar. “É como uma máscara. E, para mim, o Carnaval de Veneza dura o ano todo.”
Seus instintos artísticos, perspicácia comercial e ego proporcional combinavam-se a um efeito comercialmente triunfante no mundo rarefeito da alta moda, onde ele era reverenciado e temido em proporções semelhantes por concorrentes e top-models. A recusa em olhar para o passado era um dos seus maiores bens, disseram aqueles que o conheciam.
O estilista se misturou com os jovens e a moda até o final, emparelhando-se com a queridinha de passarela de 17 anos Kaia Gerber, filha de Cindy Crawford, para uma colaboração lançada por sua marca Karl Lagerfeld em 2018.
Sua gata Choupette também era uma celebridade: o animalzinho de pelos brancos, descrita por seus seguidores em redes sociais como “filha de Karl Otto Lagerfeld”, tem mais de 100 mil seguidores na rede de fotos do Instagram e um acordo de publicação.
No entanto, Lagerfeld também se destacou como artesão. Um fotógrafo realizado, ele desenhou seus próprios desenhos à mão, um fenômeno cada vez mais raro na moda. Por trás da fachada, ele era conhecido por sua erudição e propensão à literatura, e devorava diariamente os principais jornais do mundo. / Com agências internacionais