Fábio Schvartsman, presidente da Vale: a sucessão de notícias ruins pode acelerar uma mudança no quadro acionário da companhia (/)
Qual será a notícia negativa ou a declaração fora de tom a aumentar ainda mais a crise da Vale essa semana? A mineradora segue em seu labirinto mais de 20 dias após o rompimento da barragem de Brumadinho, que deixou cerca de 300 mortos, em Minas Gerais.
Cerca de 170 moradores de Nova Lima, na Grande Belo Horizonte, começam a semana incertos sua segurança. Eles foram obrigados a deixar suas casas na noite de sábado por precaução com uma barragem da Vale. Segundo a Defesa Civil, auditores atestaram instabilidade na barragem a montante, mesmo modelo da estrutura que se rompeu em Brumadinho. A sirene soou por volta das 20h20 de sábado e 49 casas foram evacuadas. É a terceira operação desse tipo em Minas desde o rompimento em Brumadinho.
A barragem é uma das dez que a Vale prometeu desativar, o que levanta uma nova série de questionamentos sobre a velocidade e a assertividade com que a empresa levará adiante a reestruturação de seu negócio e a indenização às vítimas.
As indenizações seguem em discussão e devem ter nova audiência para detalhamento do que foi previamente acordado entre a empresa e o Ministério Público do Trabalho na sexta-feira. Entre as propostas na mesa estão o pagamento mensal correspondente a dois terços do salário líquido do trabalhador até a data em que ele completaria 75 anos, indenização de 300.000 reais por cônjuge ou filho, auxílio-educação e indenização de 100.000 reais.
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Em outra frente, uma nova audiência entre a empresa, o governo de Minas e o Ministério Público está agendada para quarta-feira. O objetivo das autoridades é assinar um termo de ajuste em que a empresa se comprometa a recompor a arrecadação tributária do estado e de Brumadinho por três anos. Na quinta-feira, uma reunião para tratar do tema terminou em impasse. No mesmo dia, o presidente da mineradora, Fábio Schvartsman foi criticado em depoimento na Câmara por ter chamado a tragédia de “acidente”. No dia seguinte, oito funcionários da companhia foram presos nas investigações sobre o rompimento da barragem.
Internamente, a Vale formalizou a criação de três comitês junto ao conselho de administração para tratar de segurança, reparação e apuração. É um movimento que faz especialistas em governança torcerem o nariz. Comitês e novos processos, se bem coordenados, podem agilizar a tomada de decisões; mas podem também engessar ainda mais a tomada de decisões.
Na bolsa, as coisas tendem a andar mais rápido. A sucessão de notícias ruins pode acelerar uma mudança no quadro acionário da Vale. O colunista Lauro Jardim, de O Globo, noticiou neste domingo que o grupo Cosan negocia comprar a participação do fundo Previ, dono de 21% da Vale. A mineradora vale cerca de 240 bilhões de reais na bolsa. Onde muitos veem crise, alguns veem oportunidade.