durante a Palavra Livre desta terça-feira (12). Mais do que discutir os eventos que aconteceram em outros estados, como o rompimento da barragem em Brumadinho (MG) e o incêndio que vitimou 10 jovens no Ninho do Urubu, no Rio de Janeiro (RJ), os parlamentares questionaram as ações desenvolvidas para prevenir desastres como estes em Campo Grande.
“A palavra acidente nos leva a um raciocínio equivocado, pois significa ou passa ideia de acontecimento anormal, um imprevisto. Se acontece, é porque há falha humana, como as presentes em acidentes e catástrofes que vimos. Fomos surpreendidos pela morte de dez jovens no Ninho do Urubu, após um incêndio iniciado supostamente em aparelho de ar condicionado onde eles dormiam. Repito e afirmo: isso não é acidente, é negligencia, é fraude, é gambiarra. O Brasil tem a cultura da gambiarra, funcionando em um local onde não poderia ter dormitório”, disse o vereador Dr. Cury, que iniciou o debate.
Segundo o parlamentar, Campo Grande não está preparada para enfrentar uma situação de crise como em Brumadinho e até mesmo em Santa Maria (RS), quando 262 pessoas morreram em um incêndio na Boate Kiss em 2013.
“Corremos o risco de ter aqui essas catástrofes. Estamos preparados para combater incêndios? Nossos prédios da Capital e interior estão equipados para receber um evento catastrófico e salvar as pessoas? E hospitais, escolas, casas noturnas? Não temos condições nenhuma de enfrentar um evento catastrófico até menor que esse”, cobrou o vereador.
Dr. Cury defendeu a implantação de projetos de treinamento para funcionários e brigadas em prédios públicos, como escolas, hospitais e creches. “Não tenho assistido simulação em nossos hospitais ou prédios. Quero deixar registrado que a prevenção é o único caminho. No momento, não temos recursos para enfrentar situações como essas. Hospitais não são treinados para evacuação, principalmente de andares superiores. Esse apelo precisa reverberar no secretário de Saúde para que proporcione esse treinamento, que haja essas brigadas dentro do hospital”, completou.
O vereador Betinho, técnico em segurança do trabalho por formação, defendeu a cultura da prevenção para evitar futuros prejuízos. “Na boate Kiss, em 2013, havia apenas uma porta de emergência, e muitas pessoas morreram pisoteadas. Em novembro de 2015, rompeu a barragem de Fundão, em Mariana (MG), com 19 mortos e prejuízo ambiental. Em janeiro de 2019, rompimento da barragem da Brumadinho. São grandes tragédias e, em parte delas, faltou segurança. No Flamengo, foram 30 notificações, 30 oportunidades de resolver um problema. Precisamos ter a cultura da prevenção”, afirmou.
Estruturas públicas – Os vereadores também utilizaram a Palavra Livre para discutir a situação de diversas estruturas públicas da Capital, em especial alguns pontilhões com mais de três décadas. Esta semana, a mídia local noticiou que rachaduras e fissuras poderiam ocasionar problemas futuros nas edificações.
“É um tema triste, mas que traz reflexão para os problemas que temos vivenciado no dia a dia. Os problemas, por enquanto, acontecem em outras partes do Brasil, mas não podemos esperar que aconteça aqui. Daí, a importância da fiscalização do poder público para trabalharmos de maneira preventiva. Precisamos ter um plano funcionando com antecedência em todos os órgãos públicos. Todos os pontilhões estão em situação precária e a manutenção é extremamente importante”, defendeu o vereador Delegado Wellington.
Nesta manhã, o prefeito Marquinhos Trad e o secretário da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), Rudi Fiorese, vistoriaram o viaduto que encobre o cruzamento da Avenida Afonso Pena com a Rua Ceará, também citado pelos vereadores durante a sessão. Segundo o chefe do Executivo, o local não apresenta riscos.
“Infelizmente, o costume nosso é responsabilizar, de maneira criminal ou indenizatória, depois dos fatos ocorridos. O prefeito esteve lá para fazer analise dos danos dos viadutos, e saber qual a possibilidade de acontecer algum acidente. Pelo que foi analisado, realmente, há algumas fissuras, mas que não trazem perigo iminente para o local. Apesar disso, é necessário que tenhamos leis e ações para evitar esses acontecimentos”, adiantou o vereador Otávio Trad.
Já o vereador Veterinário Francisco fez outro alerta: na Rua Maracaju, por onde passa um córrego canalizado na década de 1970. “Não podemos esquecer que temos um córrego subterrâneo, uma estrutura antiga, na Rua Maracaju. Logo, logo, vai dar problema. Fizemos um ofício ao secretário da Sisep, se havia algum estudo sobre isso, e não obtivemos resposta. Vai cair uma ponte e seremos uma Brumadinho. Está na hora das autoridades levarem a sério”, reclamou.
Segundo o vereador Pastor Jeremias, a fiscalização deve partir, também, na Câmara, através da Comissão Permanente de Obras e Serviços Públicos. “É muito importante a fiscalização, começando por nós. Este ano, teve incêndio em um hotel de Campo Grande. Vamos trabalhar para que possamos minimizar e ou zerar esse tipo de acontecimento. Que essa Casa trabalhe sempre para minimizar esse tipo de sofrimento”, afirmou.
Prevenção nas escolas – Pensando justamente na prevenção das tragédias, os vereadores Otávio Trad e William Maksoud protocolaram, ontem, um projeto de lei que prevê treinamento para corpo docente e funcionários das escolas públicas de Campo Grande em caso de incêndio. A proposta foi elogiada pelos parlamentares.
“A prevenção é a base de tudo. Não adianta correr atrás do prejuízo. É hora de implementar leis que já existem em Campo Grande. A lei já foi aprovada, agora falta as escolas terem cursos de primeiros socorros e, agora, medida em caso de incêndio”, disse o vereador André Salineiro.
“É um tema muito importante. Temos visto que os órgãos fiscalizadores têm que fazer seu papel para que catástrofes como essas não ocorram em nossa Capital. A Câmara, com essa reforma, traz para cá acessibilidade e segurança. Temos que fiscalizar para que catástrofes como essas não ocorram”, finalizou o vereador Gilmar da Cruz.
Fonte: Assessoria Câmara Municipal